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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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o bom senso do responsável pelas manchetes de não sobrecarregar a primeira<br />

página com a notícia do fim do <strong>mundo</strong>.<br />

Alguns vê<strong>em</strong> essas histórias apenas como brincadeira. Entretanto,<br />

viv<strong>em</strong>os numa época <strong>em</strong> que foi identificada, a longo prazo, uma ameaça<br />

estatística real de impactos de asteróides com a Terra. (Esses dados da ciência<br />

verdadeira são certamente a inspiração, se for essa a palavra adequada, da<br />

história do WWN.) As agências do governo estão estudando o que fazer a<br />

respeito. Histórias desse tipo ting<strong>em</strong> o assunto de exagero apocalíptico,<br />

contribuindo com sua extravagância para que o público tenha dificuldade <strong>em</strong><br />

distinguir os perigos reais da ficção sensacionalista, ou até mesmo obstruindo<br />

nossa capacidade de tomar medidas de precaução para mitigar o perigo.<br />

Os tablóides são com freqüência processados – às vezes por atores e<br />

atrizes que negam vigorosamente ter<strong>em</strong> cometido atos abomináveis – e de<br />

vez <strong>em</strong> quando grandes somas de dinheiro trocam de mãos. Os tablóides<br />

dev<strong>em</strong> considerar esses processos apenas como um dos custos de ter um<br />

negócio muito lucrativo. Em sua defesa, afirmam constant<strong>em</strong>ente que estão à<br />

mercê de seus redatores e que não têm a responsabilidade de verificar a<br />

verdade do que publicam. Ao discutir as histórias que publicam, Sal Ivone, o<br />

editor executivo do Weekly World News, diz: “Que eu saiba, poderiam ser o<br />

produto de imaginações ativas. Mas, como somos um tablóide, não t<strong>em</strong>os<br />

que nos questionar por causa de uma história”. O ceticismo não vende<br />

jornais. Redatores que abandonaram os tablóides descrev<strong>em</strong> as sessões<br />

“criativas” <strong>em</strong> que redatores e editores inventam histórias e manchetes<br />

fictícias – quanto mais escandalosas, melhor.<br />

Entre seus inúmeros leitores, não haverá muitos que tomam as<br />

histórias ao pé da letra, acreditando que os tablóides “não poderiam”<br />

publicar a história, se não fosse verdade? Alguns leitores com qu<strong>em</strong> converso<br />

insist<strong>em</strong> <strong>em</strong> afirmar que os lê<strong>em</strong> para se divertir, assim como assist<strong>em</strong> à “luta<br />

romana” na televisão, que não se deixam enganar de modo algum, que tanto<br />

o editor como o leitor sab<strong>em</strong> que os tablóides são extravagâncias que<br />

exploram o absurdo. Tais publicações estão simplesmente fora de qualquer<br />

universo <strong>em</strong>baraçado pelas regras da evidência. Mas a minha<br />

correspondência sugere que inúmeros norte-americanos levam os tablóides<br />

muito a sério.<br />

Nos anos 90, o universo dos tablóides está <strong>em</strong> expansão, devorando<br />

vorazmente outros meios de comunicação. Jornais, revistas ou programas de<br />

televisão que trabalham sob restrições meticulosas, impostas pelo que<br />

realmente se conhece, vend<strong>em</strong> b<strong>em</strong> menos do que produtos da mídia com<br />

padrões menos escrupulosos. Pod<strong>em</strong>os observar esse fato na nova geração da<br />

televisão reconhecidamente sensacionalista, e também cada vez mais <strong>em</strong><br />

supostos programas de notícias e informações.

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