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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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como “correspondentes de ciência”, e todas mostram um ocasional programa<br />

de notícias que se diz dedicado à ciência. Mas quase nunca ouvimos<br />

nenhuma informação científica de sua parte, apenas medicina e tecnologia.<br />

Duvido que haja <strong>em</strong> qualquer das redes de TV um único funcionário cuja<br />

tarefa seja ler o número s<strong>em</strong>anal de Nature ou Science para ver se alguma<br />

coisa digna de ser noticiada foi descoberta. Quando os vencedores do prêmio<br />

Nobel <strong>em</strong> ciência são anunciados a cada outono, há um excelente “gancho”<br />

para noticiar a ciência: uma chance de explicar o motivo dos prêmios. Mas,<br />

quase s<strong>em</strong>pre, só o que escutamos é algo s<strong>em</strong>elhante a “...pode um dia levar à<br />

cura do câncer. Hoje <strong>em</strong> Belgrado...”.<br />

Quantas informações científicas são transmitidas nos programas de<br />

entrevistas do rádio ou da televisão, ou naqueles monótonos programas<br />

matinais de domingo <strong>em</strong> que pessoas brancas de meia-idade se reún<strong>em</strong> para<br />

concordar uns com os outros? Qual foi a última vez <strong>em</strong> que se ouviu um<br />

comentário inteligente sobre ciência de um presidente norte-americano? Por<br />

que <strong>em</strong> todos os Estados Unidos, não existe nenhuma série de TV que tenha<br />

por herói alguém interessado <strong>em</strong> descobrir como o Universo funciona?<br />

Quando se dá grande publicidade ao julgamento de um homicídio, fazendo<br />

com que todo <strong>mundo</strong> passe a mencionar casualmente os testes de DNA, onde<br />

estão os especiais no horário nobre para explicar os ácidos nucléicos e a<br />

hereditariedade? N<strong>em</strong> me l<strong>em</strong>bro de ver na televisão uma descrição precisa e<br />

compreensível de como a televisão funciona.<br />

O meio mais eficaz de despertar o interesse pela ciência é de longe a<br />

televisão. Mas esse meio de comunicação extr<strong>em</strong>amente poderoso não está<br />

fazendo quase nada para transmitir as alegrias e os métodos da ciência,<br />

enquanto a máquina do “cientista maluco” continua a soprar e bufar pela<br />

estrada.<br />

Em pesquisas de opinião feitas nos Estados Unidos no início dos<br />

anos 90, dois terços de todos os adultos não tinham idéia do que fosse a<br />

“superinfovia”; 42% não sabiam onde se encontra o Japão; e 38% ignoravam o<br />

termo “holocausto”. Mas a porcentag<strong>em</strong> subia a 90 e tantos para qu<strong>em</strong> tinha<br />

ouvido falar dos casos criminais de Menendez, Bobbitt e O. J. Simpson; 99%<br />

sabiam que o cantor Michael Jackson teria molestado sexualmente um<br />

menino. Os Estados Unidos pod<strong>em</strong> ser a nação com a melhor indústria de<br />

entretenimento na Terra, mas o preço pago é muito alto.<br />

Levantamentos feitos no Canadá e nos Estados Unidos no mesmo<br />

período mostram que os espectadores desejam que haja mais programas<br />

sobre ciência. Na América do Norte, há freqüent<strong>em</strong>ente uma boa opção na<br />

série Nova, do Sist<strong>em</strong>a Público de Radiodifusão, e de vez <strong>em</strong> quando nos<br />

canais Discovery ou Learning, ou na Companhia Canadense de Radiodifusão.<br />

Os programas infantis The science guy, de Bill Nye, na PBS, têm um bom

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