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tidades (PMCMV-E) 14 , também, se encontram no percurso da via proposta.<br />

Em nenhum momento, o projeto foi discutido ou apresentado para as comunidades,<br />

ou seja, não há o direito de participação, expresso no Estatuto<br />

da Cidade, nem transparência nos processos, conforme estabelecido na Lei<br />

de Acesso à Informação.<br />

Em Natal, a construção de um “percurso Copa”, fundamentalmente<br />

turístico, ligando o aeroporto de São Gonçalo do Amarante ao novo estádio<br />

Arena das Dunas, previa como principal mudança para acelerar essa conexão,<br />

o alargamento da avenida em alguns trechos, o que acarretaria centenas<br />

de remoções.<br />

As obras em alguns trechos estão sobrepostas a espaços demarcados<br />

como AEIS no Plano Diretor de Natal. No entanto, em 2012, ao divulgar o início<br />

das obras, a prefeitura anunciou a desapropriação de 429 imóveis, entre<br />

residenciais e comerciais às margens das vias que sofreriam intervenções.<br />

Para efetuar o pagamento das desapropriações, a Câmara Municipal de Natal<br />

assinou um contrato de financiamento no valor de R$ 100 milhões de<br />

dólares com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Por conta<br />

disso, moradores e organizações sociais argumentaram que a obra teria um<br />

alto custo econômico e social, pois endividaria o município e alteraria a vida<br />

de centenas de famílias.<br />

Os moradores ameaçados resistiram e questionaram os baixos valores<br />

oferecidos, incapazes de permitir o acesso a outro imóvel na mesma região,<br />

localizada em uma área da cidade que permite a diversos moradores ir para<br />

o trabalho de bicicleta ou a pé. Também houve diversos relatos apontando<br />

que a Prefeitura teria diminuído o valor venal das residências de 2011 para<br />

2012: um caso narrado por uma moradora de uma das áreas atingidas pelo<br />

projeto, aponta que de um ano para o outro o valor venal de seu imóvel passou<br />

de R$ 102.503,00 para R$ 87.266,00 15 .<br />

Nesse quadro, o Comitê Popular da Copa de Natal promoveu reuniões<br />

com os moradores a serem atingidos diretamente para registrar e debater<br />

os problemas relacionados ao processo de desapropriação, constituindo assim<br />

a Associação Potiguar dos Atingidos pelas Obras da Copa (APAC). Essa<br />

organização fez uma série de denúncias de como as obras estavam violando<br />

diversas leis e propôs um plano alternativo para a obra, levando a Prefeitura,<br />

que tomou posse em 2013, a recuar nas desapropriações e a modificar o<br />

traçado do projeto.<br />

14 No PMCMV-E, o responsável pelo empreendimento é uma cooperativa habitacional, associação,<br />

sindicato ou outra entidade privada sem fins lucrativos, ou seja, não será realizado por<br />

uma construtora. Ao conferir protagonismo aos movimentos sociais na construção da moradia,<br />

o PMCMV-E tem possibilitado moradias com um padrão construtivo muito superior àquelas<br />

encontradas na versão principal do programa.<br />

15 Disponível em: http://apublica.org/2012/06/os-atropelados-pela-copa/ Acesso em: 10<br />

out. 2014<br />

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