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tamento em locais distantes. Depois de muitos embates, a campanha conseguiu<br />

que lideranças comunitárias participassem da indicação de terrenos<br />

para reassentamentos das famílias da Av. Tronco.<br />

Na cidade do Rio de Janeiro, segundo dados do Comitê Popular da<br />

Copa e das Olimpíadas (2014), mais de quatro mil famílias já foram removidas.<br />

Destas, cerca de três mil e quinhentas foram removidas por obras e<br />

projetos ligados diretamente aos megaeventos esportivos, tais como: ampliação<br />

de avenidas para obras de mobilidade, obras no entorno do estádio<br />

do Maracanã e construção do Parque Olímpico. Entretanto, como ainda há<br />

diversas obras em curso, visando à preparação da cidade para as Olimpíadas<br />

de 2016, mais de cinco mil famílias ainda estão sob a ameaça de remoção.<br />

As alternativas oferecidas às famílias removidas foram indenizações,<br />

reassentamento e auxílio-moradia. Os valores pagos pelas indenizações em<br />

áreas informais consideram somente as benfeitorias realizadas e desconsideram<br />

o preço do terreno, ou seja, não reconhecem o direito à posse. Dessa<br />

forma, não possibilitam que as famílias adquiram outra moradia na mesma<br />

área através do mercado imobiliário, formal ou informal.<br />

O auxílio-moradia, também denominado de aluguel social, teve o<br />

seu valor fixado em R$ 400,00 mensais, independentemente do tamanho<br />

das famílias, das condições das moradias e da localização das mesmas na<br />

cidade. Cabe destacar que não foram constatados critérios objetivos para<br />

definir quais moradores removidos seriam reassentados e quais receberiam<br />

auxílio-moradia.<br />

Os reassentamentos, em diversos casos, foram realizados em conjuntos<br />

do PMCMV localizados na periferia, em áreas da Zona Oeste da cidade<br />

que além de possuírem baixa cobertura de infraestrutura (transporte,<br />

saneamento, pavimentação das ruas) são distantes dos principais locais de<br />

oferta de trabalho, lazer, estudo e saúde. Entretanto, de acordo com a Lei<br />

Orgânica do Município, em seu artigo 429, o reassentamento deveria ocorrer<br />

nas proximidades da antiga residência, o que ocorreu em alguns casos em<br />

que houve resistência dos moradores. Este foi o caso da remoção de parte da<br />

Vila Autódromo 8 , situada ao lado da área onde está sendo construído o Par-<br />

8 Diversas famílias da comunidade não aceitaram a proposta de reassentamento no PMCMV<br />

e lutam por urbanização e, em alguns casos, por reassentamentos na própria comunidade.<br />

Nesse processo, construíram, com o apoio de pesquisadores da UFF e da UFRJ, um plano alternativo<br />

justificando tecnicamente a viabilidade da permanência da comunidade (AMPVA,<br />

2012). Vale destacar que o custo total do projeto proposto pela comunidade é menor que o<br />

valor do terreno comprado pela prefeitura para a construção de apartamentos do PMCMV para<br />

o reassentamento da comunidade. Outro detalhe, não menos importante, é que o terreno foi<br />

comprado de empresas que fizeram doações à campanha de Eduardo Paes e que poderiam se<br />

beneficiar diretamente da remoção da comunidade, com novos lançamentos imobiliários ao<br />

lado da área. Conforme matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo em 6 out. 2011. “Rio<br />

paga R$ 199 mil por área de doador de Eduardo Paes.” Disponível em: http://politica.estadao.<br />

com.br/noticias/geral,rio-paga-r-19-9-mi-por-area-de-doador-de-paes,782004 Acesso em: 10<br />

out. 2014.<br />

Copa do Mundo 2014 e os Impactos no Direito à Moradia 97

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