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BRASIL

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Nas atividades de levantamento na área do entorno da arena, a proprietária<br />

de uma lanchonete alugada em frente à Arena afirmou ter trabalhado<br />

por mais de 10 anos dentro da feira, ter conhecido todos os feirantes e<br />

participado de reuniões com a SECOPA em 2012. Na ocasião informou que<br />

gostaria que os alimentos servidos durante a Copa viessem da agricultura<br />

familiar,<br />

“mas como pensar em agricultura familiar, se nem sabemos<br />

para onde iremos, ou melhor, já pensou que para trazer os pés<br />

de alface da zona rural de Campo Verde o pequeno agricultor<br />

precisa da ponte para atravessar o córrego? Isso ele não tem,<br />

pois os investimentos estão ocorrendo apenas na área central<br />

de Cuiabá e Várzea Grande, esquecendo-se de investimentos<br />

nas áreas rurais que envolvem a região metropolitana. Quero<br />

ver durante a Copa do Mundo, os caminhões de batata chegarem<br />

direto de São Paulo para alimentar todo esse povo que estão<br />

esperando.” (proprietária de restaurante no interior da feira<br />

do Verdão, 2013)<br />

Outros processos de perda de direitos frente ao território ocupado<br />

também podem ser vistos frente à realização da Copa do Mundo. Um deles<br />

está no projeto de construção da avenida Parque Barbado, que, em 2011,<br />

estava no plano da SECOPA como obra necessária para desafogar o transito<br />

na cidade, tendo outras obras que seriam iniciadas naquele mesmo ano,<br />

as quais interditaria o trânsito ao longo da avenida Historiador Rubens de<br />

Mendonça.<br />

Considerando que essa via faria a ligação entre outras três importantes<br />

avenidas que fazem a ligação entre a Regional Norte/Leste e Leste/Sul da<br />

cidade, poderia fazer com que houvesse um pouco mais de mobilidade entre<br />

as duas avenidas: Historiador Rubens de Mendonça e a Arquimedes Pereira<br />

Lima, e ainda daria acesso à Avenida das Torres, que poderia se transformar<br />

na principal via de circulação da Regional Leste/Sul de Cuiabá.<br />

Com a divulgação dos problemas que envolvem a área de preservação<br />

permanente e também do total de famílias a serem impactadas diretamente,<br />

foi solicitado pela defensoria pública o estudo de impacto socioeconômico<br />

realizado pelo Departamento de Geografia da UFMT/Cuiabá que visitou<br />

499 domicílios. O estudo apresentou de forma detalhada a entrevista com o<br />

chefe da família, que mostrou os motivos pelos quais a população deveria<br />

permanecer no bairro, mas que o poder público garantisse aos que permanecessem<br />

no local o direito à cidade, no que tange os investimentos em saúde,<br />

moradia digna, regularização fundiária e educação.<br />

A permanência dos moradores que envolvem a área dos bairros Bela<br />

Vista, Dom Bosco, Castelo Branco, Pedregal e Renascer não significa uma<br />

vitória absoluta frente ao processo de remoção, pois os moradores ainda es-<br />

276 Metropolização e Megaeventos

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