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BRASIL

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O Maracanã também teve sua administração entregue à iniciativa privada,<br />

através de um contrato de PPP, após concluída sua reforma, aumentando<br />

para seis o número de estádios que passaram a ser geridos pel setor privado.<br />

As parcerias público-privadas (PPPs) também envolveram a reforma<br />

e a gestão de aeroportos, como os de Brasília, Viracopos e Guarulhos, incluídos<br />

na Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo, e os aeroportos do<br />

Galeão (Rio de Janeiro) e de Cofins (Belo Horizonte) que tiveram suas administrações<br />

concedidas à iniciativa privada depois de serem reformados.<br />

No âmbito da preparação para as Olimpíadas de 2016, o modelo de<br />

gestão de parcerias público-privadas está sendo ainda mais utilizado e diversificado<br />

pela Prefeitura do Rio, envolvendo a operação urbana que prevê<br />

a renovação da área portuária, o denominado Projeto Porto Maravilha<br />

(maior PPP em curso no Brasil), a construção do Parque Olímpico, à implantação<br />

e gestão do BRT Transolímpica e do VLT do Centro.<br />

As parcerias público-privadas são características de um modelo específico<br />

de governança urbana, denominada de governança empreendedorista<br />

neoliberal. Nesse sentido, sua difusão no contexto da Copa do Mundo e<br />

das Olimpíadas no Brasil pode ser entendida como um processo de difusão<br />

do próprio modelo de governança empreendedorista neoliberal nas metrópoles<br />

brasileiras.<br />

Nona proposição.<br />

A Copa do Mundo e as Olimpíadas promovem a<br />

reconfiguração do futebol e das práticas esportivas<br />

As reformas dos estádios empreendidas no contexto da preparação da Copa<br />

do Mundo foram anunciadas com entusiasmo na perspectiva de transformar<br />

estes equipamentos esportivos em modernas arenas multiuso, atraindo<br />

o interesse da iniciativa privada pelas perspectivas de retorno financeiro. No<br />

entanto, este processo de reforma dos estádios revela mais do que a simples<br />

modernização destes equipamentos e reflete uma reconfiguração do próprio<br />

futebol como prática esportiva.<br />

Em geral, as reformas indicam uma tendência de construção de estádios<br />

menores, com aumento relativo dos espaços destinados a categorias<br />

de torcedores com mais alta renda (os espaços VIPs), associados a lojas e<br />

restaurantes, e com forte aparato de segurança, mudanças estas em grande<br />

medida justificadas pela necessidade de conter a violência nos estádios. Os<br />

estádios parecem se constituir cada vez menos em espaços de torcedores<br />

e cada vez mais em espaços de espectadores. Em outras palavras, assistir a<br />

um jogo de futebol passa a ser cada vez menos uma experiência identitária<br />

coletiva (ser torcedor de um clube de futebol) e de alteridade (convivência<br />

com o outro, de outra torcida), para ser uma experiência de consumo (de<br />

Metropolização e Megaeventos 37

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