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ia, o sucateamento que acometia as ruas do centro e os cortiços da cidade<br />

(PARENTE, 2012). O Projeto provocou a transferência da prostituição ou<br />

dos pontos de prostituição para outro espaço da cidade sendo, por isso, este<br />

processo disparado pela intervenção estatal. O bairro de Boa Viagem, zona<br />

de interesse turístico e comercial, passou a ser, durante o período noturno,<br />

ocupado por profissionais de várias idades, raças, cores, classes sociais que<br />

oferecem serviços sexuais. Além disso, em Boa Viagem mantém-se a rede<br />

hoteleira (com hotéis de classe internacional) de bares, restaurantes, casas<br />

de show, de massagem e boates especializadas associadas ao turismo sexual.<br />

Para a rede do turismo sexual, instalada na cidade do Recife, em que<br />

a prostituição se constitui como mais um de seus elementos, a chance de<br />

ampliação dos ganhos financeiros durante o megaevento esportivo anima<br />

empresários e organizações. Isto é, estão animados por ganhos durante o<br />

evento aqueles que conseguem visualizar a possibilidade de lucros com os<br />

serviços associados à prostituição e as prostitutas que se utilizam de espaços<br />

privados (como boates e casas de show) para venderem os serviços sexuais,<br />

como ocorreu em uma boate em Boa Viagem no período da Copa das Confederações,<br />

conforme mostra o panfleto.<br />

Por outro lado, através da Associação Pernambucana das Profissionais<br />

do Sexo (APPS), a categoria declara sua preocupação com a repressão<br />

policial durante o evento. A APPS representa prostitutas que se utilizam das<br />

vias públicas para venderem os serviços sexuais e declara não acreditar que<br />

as prostitutas passem a ganhar mais por causa da Copa. Para a Associação é<br />

mais provável que percam clientes nesse período, já que a polícia pode evitar<br />

seu trabalho em alguns locais, gerando nas profissionais do sexo medo<br />

da criminalização e da repressão durante a realização da Copa do Mundo de<br />

2014.<br />

Para fazer frente a esse medo e garantir a continuidade da venda dos<br />

serviços durante o megaevento, a APPS propõe-se a preparar multiplicadoras<br />

para levar informações sobre o direito de se prostituir durante a Copa.<br />

Ou seja, a APPS deverá se prevenir da criminalização e da atuação policial<br />

– baseadas em suas experiências cotidianas as profissionais alegam que a<br />

abordagem de policiais nos pontos de prostituição, geralmente munidos de<br />

preconceitos e julgamentos, as atrapalham e criminalizam-nas –, enquanto<br />

as estratégias de capacitação para receber os turistas seguem individualizadas<br />

ou com o apoio de organizações não governamentais.<br />

Algumas prostitutas têm realizado cursos de inglês a fim de facilitar<br />

o contato com os clientes, o que demostra, por hora, que a perspectiva em<br />

relação ao aumento dos lucros durante a Copa faz parte do imaginário das<br />

profissionais do sexo que procuram se qualificar para receber os consumidores<br />

atraídos pelo megaevento esportivo.<br />

impactos da Copa do Mundo de 2014 na Região Metropolitana do Recife 403

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