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BRASIL

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nos, Sánchez (2010) comenta que esses impactos agravam as desigualdades<br />

nas cidades e não provocam melhorias na vida urbana de forma significativa<br />

em locais que carecem de mais obras de infraestrutura e de transportes.<br />

Este último segmento, inclusive, está sendo planejado em função do bom<br />

andamento dos jogos de futebol e olímpicos, em detrimento da definição de<br />

uma infraestrutura de transporte que enfrente efetivamente os problemas e<br />

demandas de mobilidade metropolitana.<br />

Entretanto, é importante ressaltar que a Copa do Mundo não significa<br />

uma inflexão nos rumos políticos da cidade de Belo Horizonte. A adoção de<br />

modelos neoliberais de política urbana em Belo Horizonte está diretamente<br />

relacionada à transição de um governo municipal democrático-popular<br />

de esquerda a um governo liberal-conservador. Esta inflexão política, consumada<br />

com a reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB), teve início ainda<br />

nas gestões petistas anteriores – particularmente do prefeito Fernando<br />

Pimentel –, que foram paulatinamente se afastando do ideário social que<br />

esteve por trás da vitória que levou o PT ao poder municipal, em 1993. O<br />

atual governo tem se caracterizado pela adoção de uma série de medidas<br />

antissociais e antidemocráticas afinadas com o ideário neoliberal, como o<br />

enfraquecimento do Orçamento Participativo, o amordaçamento dos Conselhos<br />

Deliberativos, o cerceamento ao livro acesso e usufruto dos espaços<br />

públicos, o desmonte das políticas públicas de segurança alimentar, cultura<br />

e habitação (esta última transformada em mero braço operacional do PAC e<br />

do Minha Casa Minha Vida), e a proliferação de parcerias público-privadas<br />

em diversas áreas, como saúde, educação e saneamento. 12<br />

O destino de Belo Horizonte vem se desenhando na confluência perversa<br />

de interesses econômicos privados e de negociações políticas escusas,<br />

à revelia das reais necessidades e vontades das maiorias (e minorias) que<br />

vivem e trabalham diariamente na capital. A política urbana municipal vem<br />

sendo posta a serviço de uma nova rodada de modernização conservadora<br />

e elitista – sustentada politicamente por uma aproximação estreita entre<br />

Prefeitura e Governo do Estado –, evidente nos grandes projetos de remodelação<br />

urbana, na flexibilização circunstancial da legislação urbanística, nos<br />

esforços voltados à manutenção da hegemonia da cidade do carro, e na intensificação<br />

de medidas para disciplinamento e higienização do espaço público.<br />

A realização da Copa do Mundo se acopla a esse projeto e o aprofunda,<br />

12 Neste sentido, é evidentemente sintomática a obscuridade na forma como se constituem as<br />

PPPs. Tão sintomática quanto o fato de que as empresas que integram o Consórcio Minas Arena<br />

(PPP Mineirão) – Egesa, Construcap e Hap Engenharia – tenham doado 25 milhões de Reais a<br />

partidos e candidatos nas duas últimas eleições, de 2010 e 2012. E que, mais especificamente,<br />

em Belo Horizonte, que teve reeleito como prefeito o então candidato Marcio Lacerda (PSB),<br />

quantia superior à metade dos R$ 2,9 milhões que estas três empresas doaram teve como destino<br />

o partido de Lacerda, com R$ 1,540 milhão. Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/<br />

politica/2013/02/06/interna_politica,348735/multa-do-minas-arena-representa-so-4-das-doacoes-feitas-nas-eleicoes-de-2010-e-2012.shtml<br />

Impactos Socioeconômicos e Urbanos da Copa do Mundo 2014 em Belo Horizonte 241

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