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BRASIL

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no que tange à qualidade do projeto e sua inserção urbana 5 . Em apenas<br />

três anos, na sua primeira fase, de 2009 a 2011, o programa cumpre a meta<br />

de construção de um milhão de novas habitações. É reeditado como MCMV<br />

2, com previsão de mais dois milhões de unidades a serem construídas entre<br />

2012 e 2014, sendo a maioria – 60% – para famílias com renda de até R$<br />

1.395,00, em grande parte localizadas em municípios médios e pequenos. 6<br />

Assim, o PMCMV vem contribuindo para o aquecimento do setor da construção<br />

civil e para a geração de emprego, num momento em que se intensifica<br />

a crise financeira mundial de 2008, o que leva a identificá-lo também<br />

como um instrumento de dinamização da economia brasileira nesse novo<br />

quadro internacional. (ROLNIK; NAKANO, 2009)<br />

Considerando esse contexto de enfrentamento de profunda desigualdade<br />

social e carências urbanas, confrontado com a condição econômica favorável<br />

que se apresenta para o Brasil, como país emergente, no panorama<br />

da presente crise financeira mundial, os projetos urbanos realizados para as<br />

cidades-sede da Copa 2014, encontram um campo fértil para investimentos.<br />

Acabam por acionar outros projetos urbanos de grande porte na produção<br />

do espaço dessas cidades, para além dos preparativos demandados por<br />

tal evento. Seguindo essa lógica, a pretexto da realização do megaevento,<br />

ampliam-se as possibilidades de negócios e o consequente aquecimento da<br />

economia, com forte ingerência de recursos públicos e de capital corporativo<br />

em parcerias público-privadas.<br />

Essas iniciativas se expandem nas áreas com potencial de valorização<br />

e resultam em processos urbanos duradouros para as próximas décadas,<br />

com ganhos extraordinários de capital, possibilitados pela captura da valorização<br />

imobiliária na utilização do território e pela concessão de serviços coletivos<br />

que geram mais-valias urbanas ampliadas. 7 A cidade, em si, passa a<br />

ser objeto de negócios e apropriações privadas, que envolvem a associação<br />

de grandes empresas na definição vantajosa de novos empreendimentos,<br />

não apenas nos processos de produção, como também na ampliação de en-<br />

5 Vários autores trabalham essa questão: Rolnik e Nakano (2009); Maricato (2011) Ferreira<br />

(2012); Cardoso (2013) dentre outros.<br />

6 O MCMV 2 foi formalizado pela Medida Provisória nº 514/2010, convertida na Lei nº12.424,<br />

de 16 de junho de 2011. Apesar desse incremento, em 2011, o Ministério das Cidades foi o mais<br />

afetado no corte do Orçamento Geral da União (OGU), com redução de R$ 8,57 bilhões, ainda<br />

que fosse alocado R$ 1 bilhão a mais do que em 2010. Na dotação de recursos no PAC 2, a modalidade<br />

Urbanização recebeu recursos inferiores em relação ao PAC 1, somando, até início<br />

de 2013, cerca de R$ 8,9 bilhões, quando o programa já havia atingindo R$ 472,4 bilhões. Da<br />

previsão total de R$ 955 bilhões até 2014, R$ 461,6 bilhões destinam-se ao PAC-Energia, seguido<br />

por R$ 278,2 bilhões destinados ao PAC-MCMV, sendo o restante para mobilidade urbana e<br />

logística. (<strong>BRASIL</strong>, 2007; 2009; 2010; GOVERNO..., 2011)<br />

7 O conceito de mais-valias fundiárias urbanas tem sido introduzido no Brasil na análise de<br />

operações urbanas em parcerias público-privadas versus instrumentos da legislação urbana,<br />

para a recuperação da valorização do solo e imóveis urbanos, originada pela atuação do poder<br />

público. Ver, nesse sentido, Fix (2002); Furtado; Smolka (2008).<br />

Afinal, o que ficou da Copa 2014 para as Cidades-Sede no Brasil? 441

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