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BRASIL

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Floresta. Também é importante apontar as 1.680 remoções da implementação<br />

do Parque Linear do programa de saneamento Projeto Integrado Sócio-Ambiental<br />

(PISA), que foi retomado com as obras da Copa do Mundo,<br />

totalizando 6.245 famílias.<br />

A maior parte da população removida está sendo reassentada em<br />

Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS) que pertenciam às empreiteiras<br />

aprovadas pela CAIXA para atuar no PMCMV. Essas áreas, que ficaram conhecidas<br />

pelos movimentos populares como “AEIS da Copa”, normalmente<br />

são ocupações urbanas pouco consolidadas, onde o preço da terra é menor<br />

e, na maioria dos casos, distante do local de origem dos moradores, ou seja,<br />

ignora a Lei Orgânica Municipal que, em seu artigo 208, prevê o reassentamento<br />

dos moradores na mesma região.<br />

As outras opções oferecidas aos moradores removidos na capital gaúcha<br />

foram Bônus Moradia, Casas de Passagem ou Aluguel Social. Todas as<br />

opções apresentam sérios problemas. A Casa de Passagem é uma espécie<br />

de abrigo provisório determinado pela prefeitura para que a família aguarde<br />

até que a nova moradia seja construída. Um imóvel de dimensões reduzidas<br />

que muitas vezes recebe famílias numerosas, que em diversos casos<br />

acabam vivendo no local por mais de um ano. O Aluguel Social é no valor<br />

de R$ 500,00, o que só permite que os moradores aluguem casas bastante<br />

afastadas da área central de Porto Alegre e distante das atuais residências.<br />

No Bônus Moradia a prefeitura paga até R$ 52.000,00, valor definido a partir<br />

do custo de uma unidade do PMCMV, para financiar um imóvel encontrado<br />

no mercado imobiliário pela família removida.<br />

Diferente das outras duas, o Bônus Moradia não é uma solução provisória.<br />

Os moradores, entretanto, questionam que com o valor recebido não<br />

conseguem comprar imóveis na mesma área ou até mesmo em Porto Alegre.<br />

Quando conseguem, é em lugar afastado carente de toda a infraestrutura<br />

que dispunham na antiga residência. Vale lembrar que o valor da unidade<br />

no PMCMV foi reajustado para R$ 76.000,00, considerando o aumento dos<br />

preços dos terrenos, sendo que a prefeitura ainda não fez a atualização de<br />

valor. Outro ponto destacado pelos moradores é que a burocracia e lentidão<br />

da prefeitura muitas vezes leva o morador a perder a compra e ter de iniciar<br />

a procura novamente.<br />

Da violência desse processo nasceu a campanha “Chave por Chave” 7 ,<br />

criada pelos moradores ameaçados de remoção e pelo Comitê Popular da<br />

Copa de Porto Alegre. A ideia era só entregar a chave da casa que seria removida<br />

ao receber a chave da nova casa. A nova casa também teria que ser em<br />

locais com a mesma oferta de serviços e de preferência na mesma região.<br />

Dessa forma, dizia não ao aluguel social, à casa de passagem e ao reassen-<br />

7 Disponível em: http://apublica.org/2013/02/chave-por-chave-porto-alegre-copa-2014/<br />

Acesso em: 10 out. 2014.<br />

96 Metropolização e Megaeventos

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