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BRASIL

002721822

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O artigo está estruturado em torno de três ideias centrais. A primeira<br />

se refere ao modo como os megaeventos legitimam e justificam projetos de<br />

renovação e reestruturação urbana. Procura-se demonstrar que os gastos<br />

ultrapassam as demandas requeridas pelos eventos esportivos em si mesmos<br />

e expressam velados projetos de reestruturação urbana das cidades-<br />

-sede. Nesse contexto, o discurso em torno dos legados sociais emergiria<br />

legitimando tais intervenções e projetos de cidade. A segunda ideia está organizada<br />

em torno do papel do Estado na viabilização desse megaevento<br />

esportivo. Na experiência brasileira, observa-se que investimentos diretos,<br />

financiamento ao setor privado e isenções fiscais concedidas para o mesmo,<br />

junto com o endividamento público de governos estaduais e municipais,<br />

transformaram o Estado no agente central para viabilizar a realização<br />

da Copa e das Olimpíadas. Ademais, também é possível identificar que o<br />

volume de recursos públicos é bastante concentrado, tendendo a beneficiar<br />

poucos setores. Por fim, a terceira ideia busca investigar se existe relação entre<br />

os gastos para a realização dos megaeventos esportivos e a difusão de um<br />

novo modelo de gestão dos equipamentos e serviços públicos. Isto se justifica<br />

em razão da difusão do modelo das parcerias público-privadas (PPPs).<br />

De forma mais abrangente, esta tendência pode representar a adoção do<br />

modelo de governança empreendedorista neoliberal de regulação urbana<br />

pelas metrópoles brasileiras.<br />

Os custos dos megaeventos esportivos<br />

e a reestruturação urbana das cidades-sede<br />

Os gastos 5 empenhados para a realização da Copa do Mundo são realmente<br />

significativos, girando em torno de R$ 25 bilhões 6 . Para justificar tal adjetivo,<br />

pode-se usar como comparação os gastos das duas últimas edições. Na<br />

Alemanha, estes foram de US$ 8 bilhões e na África do Sul, US$ 6 bilhões,<br />

ou seja, o evento no Brasil custou mais que as últimas edições 7 . A magnitude<br />

do volume de recursos envolvidos na preparação da Copa do Mundo é<br />

indiscutível.<br />

Contudo, nota-se que os recursos destinados à preparação da Copa<br />

do Mundo extrapolam as necessidades imediatas para sua realização. Con-<br />

5 Ao longo do artigo foi privilegiado o termo gasto em detrimento de investimento por sua<br />

conceituação econômica. Investimento se refere aos gastos em bens de produção que visem a<br />

criação de excedente econômico, de forma não imediata, que visem o lucro. Dessa forma, este<br />

conceito exclui muitos dos projetos presentes na Matriz de Responsabilidades.<br />

6 Conforme poderá ser observado na Tabela 2, não constam neste total os financiamentos<br />

concedidos ao setor privado para ampliação do setor hoteleiro, o que resultaria em um custo<br />

total da Copa do Mundo de 2014 de pouco mais de R$ 27 bilhões..<br />

7 Fonte: http://www.folhapolitica.org/2013/11/copa-no-brasil-custa-mais-caro-que-as.<br />

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58 Metropolização e Megaeventos

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