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BRASIL

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localidade (Sanchez, 1999). Dissemina-se, assim, o planejamento “mercadófilo”,<br />

que tem como principal ferramenta o plano estratégico, derivado<br />

de técnicas de administração de empresas inicialmente desenvolvidas pela<br />

Escola de Negócios de Harvard nos anos 1920 (GUELL, 1997; Lopes, 1998).<br />

A adoção do planejamento estratégico nas cidades brasileiras acompanhou<br />

o ritmo das reformas neoliberais. Durante os anos 1990 algumas<br />

capitais como Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Porto Alegre desenvolveram<br />

planos e projetos com esta orientação, tendo particularmente como espelho<br />

o modelo catalão simbolizado pela experiência de Barcelona (BORJA,<br />

1996). Equipes de consultores espanhóis foram fundamentais para a adoção<br />

de tal modelo na América Latina, com destaque para Jordi Borja e Manuel<br />

Castells (1996), pioneiros na adaptação do planejamento estratégico<br />

empresarial para as cidades. Os jogos olímpicos de 1992 simbolizaram um<br />

marco na adoção deste novo tipo de planejamento, colocando a atração de<br />

megaeventos esportivos numa condição privilegiada dentro do rol de instrumentos<br />

do empreendedorismo urbano. É neste contexto que uma série<br />

de candidaturas brasileiras começa a ser apresentada ao Comitê Olímpico<br />

Internacional (COI).<br />

A tentativa de tornar Brasília a primeira sede nacional das Olimpíadas<br />

surge durante a introdução das reformas neoliberais pelo governo Collor<br />

e às vésperas da realização dos jogos de Barcelona. Embora a iniciativa tenha<br />

sido capitaneada por um grande empresário do ramo imobiliário e por<br />

representantes políticos, não havia o apoio do Comitê Olímpico Brasileiro<br />

(COB), fator que pode ter contribuído para seu fracasso. Ainda assim, aquela<br />

candidatura já continha elementos pioneiros, isto é, a promessa de cooperação<br />

entre o setor privado e o Estado no sentido de promover intervenções<br />

urbanas especulativas justificadas por megaeventos (RUBIO, 2010).<br />

Cerca de dois anos após a derrota de Brasília, o Rio de Janeiro é lançado<br />

como cidade candidata às Olimpíadas de 2004. Desta vez contando com<br />

maior apoio político, incluindo aquele vindo do recém-criado Ministério<br />

dos Esportes, a iniciativa foi desenvolvida durante a fase de consolidação do<br />

projeto neoliberal no país e pretendia representar as transformações prometidas<br />

pelo primeiro plano estratégico da cidade, cujo desenvolvimento<br />

estava em curso naquele momento. Fato particularmente relevante é a contratação<br />

de Jordi Borja e Manuel de Forn para a elaboração tanto do projeto<br />

olímpico quanto do planejamento do Rio de Janeiro. Ambos haviam atuado,<br />

respectivamente, como vice-prefeito e coordenador do plano estratégico de<br />

Barcelona (OLIVEIRA e GAFFNEYa, 2010). Contudo, a candidatura não obteve<br />

sucesso.<br />

No final de 2001 é aprovado o II Plano Estratégico do Rio de Janeiro.<br />

Desta vez, a principal influência sobre a elaboração do plano vem do Banco<br />

Mundial (BIRD), que buscava aprofundar processos iniciados com os con-<br />

A “Copa das Manifestações” e os Processos de Governança Urbana no Brasil 137

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