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BRASIL

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cargo da prefeitura. Por último, a CDURP desempenha a função de empresa<br />

municipal coordenadora do projeto de revitalização portuária.<br />

No setor privado, a CCJ é formada por representantes do COI, das<br />

federações internacionais, dos Comitês Olímpicos Nacionais, de atletas e<br />

especialistas. Tem como principal responsabilidade garantir os interesses<br />

destes grupos, sobretudo do COI, ao qual está vinculada. Isso envolve a fiscalização<br />

e acompanhamento das atividades diretamente ligadas à preparação<br />

da cidade-sede para o evento. Já o COJO está vinculado ao COB e possui<br />

na sua composição representações das respectivas confederações nacionais<br />

dos esportes olímpicos e paraolímpicos.<br />

Nenhum dos novos arranjos deliberativos olímpicos apresenta canais<br />

institucionais para a participação direta da sociedade civil organizada nos<br />

processos decisórios. Quanto aos arranjos consultivos, estes estão limitados<br />

ao setor público, e possuem diminuta representação formal da população.<br />

Dois exemplos ilustram a pequena variação de permeabilidade desta nova<br />

estrutura de governança. No caso da Comissão de Avaliação dos Projetos de<br />

Legado Urbano, a participação está restrita a quatro secretarias municipais.<br />

Já o Conselho de Legado, responsável por fiscalizar a implementação de<br />

obras, demonstra representações desproporcionais, pois enquanto o setor<br />

privado conta com nove assentos, a sociedade civil organizada ocupa apenas<br />

duas do total de 17 vagas, através de entidades escolhidas pela autoridade<br />

municipal.<br />

A ausência de canais de participação no novo desenho institucional<br />

se reflete, ainda, na visão compartilhada por representantes de algumas<br />

das novas instituições criadas para a realização das Olimpíadas e de órgãos<br />

públicos diretamente relacionados a elas. De acordo com um dos diretores<br />

da nova estrutura de governança, protestos e discordâncias em relação aos<br />

megaeventos existem porque “há falhas de comunicação”. Grupos estariam<br />

insatisfeitos com os impactos das obras “por estarem mal informados”. O<br />

representante de outra nova entidade reforça esta ideia ao afirmar que “tudo<br />

que eles (grupos insatisfeitos) precisam é entender o projeto”. Dentro desta<br />

lógica de redução de dissensos a problemas de cognição, não haveria a necessidade<br />

de participação da sociedade civil, mas de aperfeiçoamentos na<br />

política de comunicação social.<br />

Ao comentar sobre eventuais reuniões envolvendo representantes de<br />

moradores, um dos diretores esclarece que o contato é iniciado sempre pela<br />

sua entidade “pois eles (população local e ativistas) não sabem como nos<br />

contatar”. Outro diretor cita encontros esporádicos entre técnicos e moradores,<br />

realizados de acordo com o surgimento de problemas. Tais reuniões<br />

são fruto de iniciativa dos organizadores e executores dos projetos, mas não<br />

da população local. Assim, configura-se uma espécie de “participação seletiva”,<br />

cujas características parecem ser a ausência de canais institucionais<br />

142 Metropolização e Megaeventos

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