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BRASIL

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sob ameaça de remoção em função de projetos para a Copa do Mundo de<br />

2014 e Olimpíadas de 2016. Paralelamente, outros processos controversos<br />

têm se desenrolado, como a elitização e privatização de estádios, a destruição<br />

de equipamentos coletivos, o cerceamento ao trabalho de vendedores<br />

ambulantes, as condições precárias enfrentadas por operários em obras, as<br />

inúmeras alterações de ordem legislativa e executiva, os custos de oportunidade<br />

atrelados aos investimentos projetados, a ausência de participação<br />

popular, entre outros (ANCOP, 2013).<br />

Tudo isso exigiu um reposicionamento de importante parcela da sociedade<br />

civil organizada. Neste contexto, destacou-se a formação de duas<br />

grandes redes de articulação de ONGs, associações e movimentos em torno<br />

de reivindicações que exigiam, em maior ou menor grau, mudanças quanto<br />

à concepção e execução de projetos. A primeira delas, mais próxima do<br />

campo contra-hegemônico, é a Articulação Nacional dos Comitês Populares<br />

para a Copa do Mundo (ANCOP), que funciona como espaço de troca entre<br />

os Comitês Populares para a Copa do Mundo atuantes nas cidades-sede<br />

desde 2011. A outra, de caráter mais conservador, é o Projeto Jogos Limpos,<br />

articulação que se iniciou em 2011 e também se estrutura a partir de espaços<br />

locais de ação.<br />

A ANCOP e seus respectivos comitês locais são formados por movimentos<br />

sociais, ONGs e grupos universitários, que historicamente já trabalhavam<br />

em conjunto para avançar na garantia de direitos humanos, alguns<br />

inclusive com inserções nos novos mecanismos institucionais participativos<br />

desenvolvidos a partir da redemocratização. Suas principais reivindicações<br />

têm girado em torno da promoção dos direitos à moradia, ao trabalho digno,<br />

ao esporte e lazer, ao transporte público, à transparência e participação<br />

popular direta em políticas públicas. Todas estas bandeiras tendem a se unificar<br />

em torno da exigibilidade do direito à cidade frente às transformações<br />

desencadeadas pelos grandes eventos esportivos.<br />

Por outro lado, o Projeto Jogos Limpos apresenta contornos mais restritos<br />

ao combate à corrupção nas ações do Estado e de seus aliados. Para<br />

tanto, sua atuação se resume à promoção de debates e à articulação de<br />

acordos por maior transparência nas ações de representantes empresariais<br />

e governamentais. Oriunda de um projeto idealizado e capitaneado pela<br />

empresa multinacional Siemens em parceria com o Instituto Ethos, muitos<br />

de seus associados são ONGs e fundações ligadas ao setor empresarial, algumas<br />

historicamente atuantes como entidades de responsabilidade social<br />

corporativa.<br />

Assim, tais coalizões emergentes na sociedade civil organizada demonstram,<br />

primeiramente, uma continuidade do processo de constituições<br />

de redes iniciado nos anos 1990. Estando de acordo com características anteriormente<br />

verificadas, a ANCOP e o Comitê Jogos Limpos estabeleceram-<br />

152 Metropolização e Megaeventos

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