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BRASIL

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é, como uma entidade de convergência após o megaevento Copa, em julho<br />

de 2014.<br />

Assim, o legado Copa do Mundo 2014 possui muito mais uma dimensão<br />

simbólica com ênfase na formação de consensos do que em um programa<br />

de necessidades atendido pela articulação urbanística e social, isto é,<br />

atende a uma programação isolada de projetos sem uma base de integração.<br />

Os dados revelam que cada obra com impacto sobre o território possui um<br />

histórico de planejamento e gestão próprio, seguindo interesses diversos e,<br />

eventualmente, tendo capacidade de formar coalizões urbanas mais permanentes.<br />

Cabe ao governo estadual e municipal (no plano local) ser orientado<br />

pela Matriz de Responsabilidades, mas não ficar preso a mesma – pela<br />

possibilidade de reposicionar os projetos dentro dos demais programas do<br />

governo federal. Assim, o legado unificado só existe como discursos, pois<br />

cada projeto de intervenção urbana atende a um determinado objetivo que<br />

só converge à Copa do Mundo por decisão governamental e não por necessidade<br />

fática.<br />

Tal afirmativa pode ser comprovada pela forma que tais projetos foram<br />

elaborados, em datas anteriores, com objetivos anteriores, a quase totalidade<br />

deles já presente em secretárias afins do Governo Estadual e Municipal e<br />

iniciados nos últimos anos. Exceção a isso é o projeto de reestruturação da<br />

av. Engenheiro Roberto Freire que, talvez por esse mesmo motivo, parece<br />

não fazer sentido (pelo custo total e efetividade) nem no contexto do megaevento,<br />

nem fora dele. Então o que pode “unificar” tamanha dispersão e<br />

revelar a real função de tais projetos? Como visto, nem mesmo o turismo enxerga<br />

uma transformação radical ou legados especiais pós- megaevento; no<br />

campo das políticas sociais (educação, segurança, esportes e saúde) sequer<br />

há planos consistentes após julho de 2014, além de contingências ao evento.<br />

Então, quem ganha com a realização do megaevento Copa do Mundo 2014?<br />

Uma hipótese para ampliarmos a pesquisa, diz respeito à consolidação dos<br />

grupos de atuação no segmento imobiliário, em boa parte revelado pelos<br />

dados de valorização imobiliária em Lagoa Nova mas também pela cadeia<br />

da construção civil e intermediação de imóveis.<br />

O processo de inserção da cidade do Natal em um circuito de acumulação<br />

do capital, base teórica geral, parece fazer-se de modo ironicamente<br />

baseado na captação de recursos e privilégios públicos, passando muitas<br />

vezes pelas normas e procedimentos de controle social, levando aos constantes<br />

embates. Desse modo, o Estado continua a alimentar essa acumulação<br />

do capital e suas coalizões regionais e locais e absorver os riscos de tal<br />

aventura. Talvez estejam aí as reais regras do jogo.<br />

Metropolização e Megaeventos: impactos da Copa do Mundo 2014 em Natal-RN 365

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