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BRASIL

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mídia, motivaram pequenos grupos anarquistas recém-criados no país a se<br />

organizarem em torno do que chamaram de Ação Global dos Povos (AGP). O<br />

principal objetivo era de colaborar com as manifestações anticapitalistas da<br />

Europa e dos EUA (ORTELLADO, 2004).<br />

Em setembro de 2000, milhares de pessoas sairiam às ruas de São<br />

Paulo, Rio de janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Bauru, Campinas<br />

e Santa Maria para se juntarem ao S26, dDia de Ação Global marcado para<br />

coincidir com a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Praga.<br />

A principal concentração foi registrada na capital paulista, onde após<br />

um ato de tom carnavalesco cerca de mil manifestantes picharam e atiraram<br />

pedras no prédio da Bovespa, resultando em confrontos com a polícia<br />

e na detenção de 39 pessoas. Consequentemente, o relativo sucesso do S26<br />

inspirou o surgimento de pequenos grupos mais ou menos vinculados ao<br />

anarquismo e que aderiram à AGP, alguns inclusive adeptos do Tute Bianche<br />

e Black Bloc, táticas de defesa contra a polícia inspiradas pelos movimentos<br />

autonomistas europeus. Com isso, novos Dias de Ação Global foram organizados<br />

durante os anos seguintes (ORTELLADO, 2004).<br />

Entretanto, o baixo contingente reunido nos últimos protestos de<br />

2001 indicava a perda de força da coalização em torno da AGP. O ano de<br />

2002 confirmaria a tendência ao seu esvaziamento e o início do ano seguinte<br />

registraria as últimas tentativas de sua reformulação. Apesar da diluição<br />

do movimento antiglobalização brasileiro, o breve sucesso dos Dias de Ação<br />

Global gerou um novo espaço de encontro e trocas para antigos e novos<br />

militantes, impulsionando diversas outras iniciativas e articulações locais<br />

e nacionais. Em meio a estas novas experimentações autogestionárias, dois<br />

grupos se destacaram pela maior longevidade e o gradual fortalecimento<br />

até o contexto atual: o Centro de Mídia Independente (CMI) e o Movimento<br />

Passe Livre (MPL) (LIBERATO, 2006). Em esfera nacional, as primeiras tentativas<br />

de formulação de um movimento reivindicatório do passe livre no<br />

transporte público se configuram a partir de 2003, especialmente inspiradas<br />

pela chamada “Revolta do Buzú” de Salvador. Tal acontecimento se resumiu<br />

a constantes atos de rua organizados espontaneamente durante três semanas<br />

por estudantes daquela cidade visando impedir o aumento da tarifa dos<br />

ônibus. Apesar do aumento não ter sido revogado, a repercussão alcançada<br />

e o fato de a revolta ter se desenrolado a partir de uma organização horizontal,<br />

sem a mediação de líderes de entidades estudantis ou partidos políticos,<br />

serviram de inspiração para grupos com objetivos semelhantes que já se organizavam<br />

em outras cidades como Campinas, Recife, Uberlândia, Vitória e<br />

Florianópolis.<br />

O intercâmbio entre as cada vez mais diversas experiências seria consolidado<br />

com o primeiro Encontro Nacional pelo Passe Livre, realizado em<br />

2004 em Florianópolis, e a Plenária Nacional do Passe Livre que aconteceu<br />

A “Copa das Manifestações” e os Processos de Governança Urbana no Brasil 149

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