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BRASIL

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zação de grandes transformações urbanas e como um momento de exibição<br />

continuada da cidade-sede na vitrine do capitalismo, agregando às cidades-<br />

-sede signos de vigor, saúde, competitividade, entre outros, associados ao<br />

esporte e tendo a legitimidade do seu caráter pretensamente apolítico.<br />

Dessa forma, as intervenções urbanas realizadas em prol dos megaeventos<br />

esportivos ganham legitimidade e o seu resultado é a reconfiguração<br />

do mapa da renda do solo urbano e a tentativa de atrair, para as cidades-<br />

-sede, excedentes financeiros globais.<br />

A partir dessa interpretação, a compreensão da lógica espacial das intervenções<br />

urbanas, projetadas para os megaeventos esportivos, revela e reforça<br />

um projeto de cidade em curso, vinculado à concepção de governança<br />

empreendedorista neoliberal. A coalizão de agentes que lidera essa governança<br />

em cada cidade consegue direcionar os investimentos públicos para<br />

as parcelas do espaço urbano que podem lhes auferir maior rentabilidade, o<br />

resultado é uma valorização espacial diferenciada, com impactos diretos no<br />

direito à moradia e à cidade.<br />

Analisaremos, a seguir, a configuração socioespacial das intervenções<br />

urbanas, tendo em vista o posterior debate da valorização imobiliária dessas<br />

áreas e também das remoções dos moradores de comunidades atingidas por<br />

esses projetos.<br />

A partir da análise da priorização dos investimentos públicos e privados<br />

em áreas específicas nas cidades, verificou-se a ocorrência de três processos<br />

de configuração socioespacial deles resultantes: (i) reforço das áreas<br />

mais ricas que tradicionalmente são alvo de investimentos urbanos, (ii) revalorização<br />

de áreas centrais que passaram por desinvestimento ao longo<br />

dos anos, e (iii) produção de novas áreas de expansão urbana.<br />

Uma análise mais detalhada de cada cidade fez-se necessária para a<br />

compreensão desses processos.<br />

Investimentos que reforçam as áreas mais ricas<br />

Em Cuiabá, a maior parte dos investimentos, ocorridos na cidade, foi em<br />

mobilidade urbana, através de ampliação de vias, duplicações de avenidas,<br />

construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e na construção da Arena<br />

Pantanal. Esses investimentos se concentram especificamente nas principais<br />

vias do eixo central da cidade, onde estão as áreas mais ricas, embora,<br />

no projeto inicial, fossem previstos investimentos para algumas áreas distantes<br />

deste eixo.<br />

Já em Brasília, o reforço das áreas mais ricas da cidade fica claro, na<br />

medida em que os principais investimentos se concentraram no Plano Piloto,<br />

não havendo intenção de envolvimento e integração de outras áreas<br />

urbanas da capital federal.<br />

82 Metropolização e Megaeventos

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