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BRASIL

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Nos países de economias avançadas, essas práticas ocorreram<br />

num contexto urbano em que as principais demandas coletivas estão<br />

atendidas; busca-se, então, a atração de novos capitais e a ampliação<br />

do consumo dessas cidades. Os megaeventos mundiais, alinhando-se<br />

a essas estratégias, potencializam, além dos investimentos para sua realização,<br />

projetos de renovação urbana, em função de uma maior visibilidade<br />

internacional do país que os sedia. Eles detêm, na imagem<br />

midiática do espetáculo e da cidade turística, sua principal fonte de<br />

lucros para os patrocinadores e organizadores.<br />

No caso do Brasil, integrante do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia,China<br />

e África do Sul), países de grandes economias emergentes, o<br />

anúncio da realização da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016 no país vem<br />

se somar a outros grandes investimentos urbanos que já estavam em<br />

curso. Depois de um longo período de recessão do mercado imobiliário brasileiro,<br />

entre os anos 1980 e 1990 – décadas consideradas perdidas, com a<br />

forte contenção de gastos públicos imposta pelas medidas econômicas de<br />

equilíbrio fiscal e de controle inflacionário –, verifica-se, na década seguinte,<br />

a retomada de investimentos federais, a partir de 2003, com a criação do Ministério<br />

das Cidades, de forma integrada ao fortalecimento da Caixa Econômica<br />

Federal, como principal instituição financeira federal responsável pela<br />

operação de recursos destinados ao fomento do desenvolvimento urbano.<br />

As novas políticas urbanas implementadas a partir de então tiveram<br />

um amplo espectro de atuação. Foi criada, para isso, uma nova sistemática<br />

federal descentralizada para implantação de novas politicas de habitação,<br />

saneamento, mobilidade e programas urbanos. Na produção habitacional<br />

a partir de 2005, simultaneamente ao incentivo de produção via mercado,<br />

foram criadas, de forma pioneira, as condições para uma produção subsidiada<br />

de habitação de interesse social, resultando em um boom imobiliário<br />

sem precedentes. De 2002 a agosto de 2010, foram produzidas, no Brasil,<br />

4,3 milhões de novas unidades habitacionais, com investimentos da ordem<br />

de R$ 243 bilhões para todo o Sistema Nacional de Habitação (SNH). Para<br />

o subsistema de interesse social, foi investido um total de R$ 68,5 bilhões,<br />

incluindo-se aí R$ 3,6 bilhões em urbanização de favelas, ainda que fosse<br />

prevista uma maior alocação, com o lançamento do Programa de Aceleração<br />

do Crescimento (PAC) em 2006 (MARICATO, 2011). No que tange a essa<br />

nova politica de habitação, o ponto de inflexão constitui o lançamento do<br />

Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) em 2008, com fortes subsídios<br />

para produção de novas unidades destinadas às faixas de renda de interesse<br />

social, dinamizando, de forma inédita, esse segmento, que sempre esteve<br />

aquém da produção de mercado, embora imprimindo outra sistemática,<br />

mais centralizada, entre agente financeiro e empresas cadastradas, e acelerando,<br />

assim, o processo de produção, o que tem suscitando fortes críticas<br />

440 Metropolização e Megaeventos

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