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BRASIL

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O aumento da demanda por habitação também deve ser associado<br />

à mudança do perfil demográfico da população brasileira. Se, até recentemente,<br />

a estrutura etária da população era caracterizada pela predominância<br />

de jovens, ou seja, uma base bastante larga da pirâmide etária, hoje, essa<br />

base se encontra mais estreita e parte dessa população já está na fase adulta.<br />

Assim, a dinâmica demográfica que atualmente apresenta maior quantidade<br />

de população entre 20 e 40 anos, em função da disponibilidade de crédito,<br />

também pressiona os preços dos imóveis.<br />

Outro aspecto relevante para explicar o aumento dos preços dos imóveis<br />

foi a mudança de atuação das empresas do setor. A partir de meados<br />

dos anos 2000, os negócios imobiliários que eram geridos por empresas de<br />

pequeno porte com alcance local ou regional, para aproveitar o crescimento<br />

da demanda, abriram capital na bolsa de valores. A partir da grande quantidade<br />

de recursos captados, e da preocupação em manter os valores dos<br />

seus papéis, as incorporadoras mudaram suas formas de atuação. A partir<br />

daquele momento, várias empresas passaram a atuar simultaneamente em<br />

diversas unidades da federação, nas metrópoles e cidades médias, aumentando<br />

significativamente o número de lançamentos e formando um grande<br />

banco de terrenos. De acordo com Sanfelici (2013), algumas empresas que<br />

lançavam uma média de 2000 unidades por ano, passaram a lançar mais de<br />

20 mil unidades: no caso da MRV, por exemplo, o salto foi de 3 mil unidades,<br />

em 2006, para 50 mil, em 2010.<br />

A atuação baseada na pressão dos investidores por expansão em volume<br />

de lançamentos levou as empresas a direcionar investimentos para estratos<br />

de renda que ainda não tinham acesso à casa própria. Nesse contexto,<br />

em 2007, a Cyrela criou a marca Living para empreendimentos econômicos,<br />

em 2008, a carioca Gafisa passou a controlar a Tenda. Observou-se, também,<br />

uma grande expansão territorial da atuação da MRV, empresa voltada para<br />

o setor econômico com base em Minas Gerais, que passou a atuar em mais<br />

de 50 cidades.<br />

No entanto, em 2008, com a grave crise financeira produzida no setor<br />

imobiliário dos EUA, houve uma queda brusca dos investimentos no mercado<br />

de capitais, modificando as perspectivas das empresas da construção<br />

que haviam começado a atuar na bolsa de valores.<br />

Nesse contexto de crise internacional, que poderia afetar gravemente<br />

a economia brasileira, o governo federal adotou políticas de cunho “neokeynesianas”<br />

para a manutenção do crescimento econômico do país. Assim, a<br />

construção civil foi eleita para aquecer a economia, devido aos seus efeitos<br />

multiplicadores, com a agregação de diversas cadeias produtivas.<br />

Nessa direção, uma das respostas do governo foi o lançamento, em<br />

2009, do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), uma política produzida<br />

no Ministério da Casa Civil, ao largo dos debates acumulados no Minis-<br />

90 Metropolização e Megaeventos

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