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BRASIL

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É bastante provável que a principal explicação para este movimento<br />

lento e gradual de diminuição das desigualdades de renda esteja relacionada<br />

à política de valorização do salário mínimo e à maior formalização do<br />

trabalho. Enquanto o salário mínimo teve uma valorização real – ou seja,<br />

já descontada a inflação – próxima de 100% entre 1995 e 2014, o grau de<br />

informalidade do mercado de trabalho vem caindo desde o fim do século<br />

passado, quando atingiu quase 60% da população ocupada, chegando a<br />

marca de 47% em 2012 (IPEADATA, 2014). Tais fatores estão aliados, ainda,<br />

ao crescimento da geração de empregos e ao fortalecimento das políticas<br />

assistenciais de transferência de renda.<br />

A combinação de todas estas condições já seria suficiente para gerar<br />

significativos ganhos no poder aquisitivo de grande parte da população. No<br />

entanto, a “cereja do bolo” foi o aumento da oferta de crédito no mesmo<br />

período, que contribuiu decisivamente para cementar a rápida expansão do<br />

mercado consumidor interno. Entre junho de 2003 e junho de 2013 houve<br />

um crescimento de 766% no volume de empréstimos concedidos por bancos<br />

a pessoas físicas e de 452% a pessoas jurídicas. Com isso, as operações<br />

de crédito saltaram de 25% para 55% do PIB brasileiro em apenas 10 anos 2<br />

Aparentemente, este cenário de mudanças deveria indicar condições<br />

menos propícias para o surgimento de protestos de rua em grande escala.<br />

Concomitantemente, o país experimentava crescimento econômico acelerado,<br />

diminuição de desigualdades de renda e aumento do poder aquisitivo<br />

de considerável parcela da população até então excluída do mercado consumidor<br />

interno. Esperava-se, assim, que tal modelo social-democrata garantisse<br />

o aumento do nível de satisfação popular e de capitalistas. Mas os<br />

indicadores econômicos contam apenas uma parte da história.<br />

Políticas públicas e processos de desgaste<br />

da renda real nas grandes metrópoles<br />

Várias foram as consequências provenientes desta rápida inserção no mercado<br />

consumidor. Uma das mais importantes se constitui no drástico crescimento<br />

da frota nacional de veículos automotores, que entre 2001 e 2012<br />

passou de 34,9 milhões para 76,1 milhões, representando um acréscimo acima<br />

de 138%. Dentro deste universo, tiveram destaque a duplicação do número<br />

de automóveis e, sobretudo, o aumento em quase quatro vezes do número<br />

de motos. Deve-se ter em mente, ainda, que apenas o ano de 2012 registrou<br />

14,6% do total do aumento de automóveis no período, demonstrando uma<br />

intensificação deste processo nos últimos anos (RODRIGUES, 2013).<br />

2 Informação disponível em http://www.anefac.com.br/paginas.aspx?ID=658 . Acesso em<br />

agosto de 2014<br />

206 Metropolização e Megaeventos

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