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BRASIL

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locais, potencializados pela realização dos megaeventos esportivos. Neste<br />

sentido, o neoliberalismo realmente existente em curso se constituiria em<br />

um conjunto de experiências envolvendo a adoção de princípios, diretrizes<br />

e políticas de subordinação da gestão das cidades à lógica do mercado. Nesta<br />

perspectiva, por vezes este processo pode, paradoxalmente, estar combinado<br />

com a adoção de políticas sociais redistributivas e universalistas em<br />

certos setores, de acordo com os interesses e a força da coalizão de poder<br />

local.<br />

De forma sintética, pode-se dizer que a realização da Copa do Mundo<br />

representou, em alguns casos, uma inflexão nos projetos que estavam sendo<br />

implementados nas cidades-sede; em outros caso, não, mas apenas reforçou<br />

processos que já estavam em curso. No primeiro caso, parece possível<br />

situar as cidades-sede do Rio de Janeiro, do Recife e de Cuiabá, onde até<br />

as intervenções estruturais recebem o nome dos megaeventos esportivos,<br />

sendo respectivamente, a Cidade Olímpica, a Cidade da Copa e a Copa do<br />

Pantanal. Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza<br />

e Natal se situariam no segundo caso, onde as intervenções parecem<br />

fortalecer projetos que já estavam em curso, mas não expressam uma inflexão<br />

em relação aos mesmos. Por fim, Brasília e Manaus, que não receberam<br />

intervenções estruturais, não parecem se situar em nenhum dos dois casos,<br />

e parecem ter sediado jogos da Copa em razão do seu peso simbólico, por<br />

serem a capital do país e uma cidade amazônica, respectivamente.<br />

Quarta proposição.<br />

As intervenções vinculadas à preparação para a<br />

Copa do Mundo e as Olimpíadas promovem um<br />

processo de destruição/criação de instituições,<br />

regulações e de centralidades no espaço urbano<br />

As intervenções vinculadas à preparação para a Copa do Mundo e as Olimpíadas<br />

associadas a neoliberalização promovem um processo de destruição/<br />

criação, no qual são destruídos instituições, regulações e espaços urbanos<br />

que se apresentam como barreiras à lógica de mercantilização, e simultaneamente<br />

são criadas novas instituições e regulações e novos espaços urbanos<br />

que facilitem ou promovam a neoliberalização.<br />

O processo de reestruturação e renovação urbana associado a preparação<br />

das cidades-sede para a Copa do Mundo e as Olimpíadas se traduziria<br />

em três estratégias de intervenção não excludentes entre si: a) o fortalecimento<br />

econômico e simbólico de centralidades urbanas já constituídas; por<br />

meio de investimentos em áreas já valorizadas nas cidades-sede, b) a revitalização<br />

de centralidades consideradas decadentes; por meio de investimentos<br />

no fortalecimento econômico e simbólico de áreas das cidades-sede<br />

32 Metropolização e Megaeventos

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