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BRASIL

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como o reforço ao acesso para aqueles que chegam/saem de Curitiba, portanto,<br />

revela a relação da cidade com seu exterior. Assim, mais do que favorecer<br />

ou beneficiar áreas já bastante valorizadas, como ocorre, por exemplo,<br />

em Cuiabá (NASCIMENTO, 2013), o mesmo reforça os espaços de fluidez e<br />

movimento que conectam a cidade com o exterior.<br />

Assim, diferentemente do que ocorre em outras cidades, grande parte<br />

das obras de Curitiba, assegurada pela Matriz de Responsabilidades, está<br />

inserida em áreas em que a população predominante não é a de mais alta<br />

renda, com exceção da área do estádio, localizado em um bairro de valorização<br />

imobiliária representativa. Do mesmo modo, as áreas de maior densidade<br />

demográfica não estão inseridas nesse corredor, o que poderia justificar,<br />

mesmo que minimamente, os vultuosos investimentos. Nesse sentido, tais<br />

fatos evidenciam ainda mais a natureza das intervenções em Curitiba que,<br />

como já afirmado, estão sendo pensadas quase que exclusivamente para a<br />

circulação de turistas e torcedores nos dias de jogos do mundial. Cabe ressaltar<br />

que no momento do anúncio inicial dos projetos para a Copa, alguns<br />

estudiosos já vislumbravam um futuro em que apenas a ligação com o aeroporto<br />

seria viabilizada 9 .<br />

O jogo entre luzes e sombra ou entre áreas sobre as quais recaem investimentos<br />

e as demais também pode ser realizado em uma outra escala, a<br />

metropolitana. A não inserção de determinados projetos na Matriz ou ainda<br />

a exclusão de alguns no decorrer dos últimos anos priorizou sobremaneira<br />

a centralidade de Curitiba, concernente à mobilidade na escala metropolitana.<br />

A inexistência de integração viária entre vários dos municípios localizados<br />

no entorno de Curitiba impele os deslocamentos para esta cidade,<br />

repercutindo em uma série de problemas à população que vive fora do centro<br />

metropolitano, como deslocamentos cada vez mais demorados, tráfego<br />

etc. Obviamente que não se deveria esperar que a preparação para a Copa<br />

equacionasse esse tipo de problema ou vários outros existentes, mas esse<br />

momento poderia ser aproveitado para dar início a uma transformação,<br />

mesmo que de modo incipiente.<br />

Ainda em relação à forma como a cidade está sendo preparada, sob<br />

o ponto de vista da infraestrutura e suas repercussões, outros três elementos<br />

também precisam ser citados e inseridos na discussão. O primeiro diz<br />

respeito à possibilidade de que os custos se ampliem mais até o período de<br />

realização da Copa, afinal, praticamente todas as obras ainda estão em andamento<br />

10 . Essa é uma característica que está sendo marcante em Curitiba,<br />

pois de uma pretensa cidade em que se faltava muito pouco de infraestrutura,<br />

passa-se para uma situação em que quase nada foi concluído, em que a<br />

9 Conforme entrevistas realizadas por Mikos (2009).<br />

10 Em fevereiro de 2014 apenas uma obra estava concluída: Pistas de Pouso, decolagem e de<br />

táxi do Aeroporto Afonso Pena.<br />

286 Metropolização e Megaeventos

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