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BRASIL

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tação de obras de mobilidade, todavia essas obras foram retiradas da matriz<br />

de responsabilidade e o processo de remoção não ocorreu.<br />

Considerações finais<br />

A partir do exposto neste texto, podemos apontar que a realização<br />

da Copa do Mundo no Brasil expressou do ponto de vista espacial três dimensões:<br />

o fortalecimento de centralidades existentes, a revitalização de<br />

centralidades decadentes e a criação de novas centralidades. Além disso, os<br />

investimentos da Copa criaram condições para um processo de reestruturação<br />

das cidades e legitimaram projetos de reestruturação urbana que já<br />

estavam em desenvolvimento anteriormente ao evento.<br />

Assim, no caso da cidade do Rio de Janeiro, que também sediará os<br />

Jogos Olímpicos em 2016, o projeto de reestruturação urbana se confunde<br />

com o projeto desses megaeventos na cidade. No caso de Recife, o projeto da<br />

Copa construiu a smart city, modelo de cidade subordinada à lógica do mercado,<br />

das empresas, do mercado imobiliário. No caso de Curitiba, Belo Horizonte,<br />

Porto Alegre e São Paulo percebeu-se que o projeto de reestruturação<br />

urbana era anterior a Copa do Mundo, e nesses casos, ele pareceu fortalecer<br />

o processo de reestruturação urbana que estava em curso nestas cidades.<br />

Além disso, ocorreram também processos de reposicionamento das<br />

cidades no contexto econômico regional, através do fortalecimento do projeto<br />

turístico, como os casos de Cuiabá, Natal, Fortaleza e Salvador.<br />

Estes processos em cada cidade impactaram diretamente o direito à<br />

moradia. Se, por um lado, as intervenções nas cidades-sede contribuíram<br />

para a elevação do preço da terra e da moradia, por outro lado, ocasionaram<br />

processos de remoções e despejos.<br />

Apesar da valorização imobiliária não ter sido um processo decorrente<br />

especificamente da Copa do Mundo, notou-se que o evento acentuou<br />

uma tendência que estava em curso, especialmente nas áreas em que ocorreram<br />

investimentos em intervenções urbanas para recebê-lo.<br />

A partir da análise dos casos de remoções pudemos constatar um<br />

processo de relocalização dos pobres na cidade, removidos das áreas turísticas<br />

e de valorização imobiliária em prol de um processo de mercantilização<br />

do espaço urbano que foi amplamente fortalecido pelos megaeventos.<br />

Verificou-se que os procedimentos adotados passaram ao largo dos marcos<br />

internacionais dos direitos humanos, do qual o Brasil é signatário. Entretanto,<br />

houve movimentos de resistência aos projetos de remoção que, em<br />

alguns casos, conseguiram evitar a remoção ou conseguiram renegociar o<br />

reassentamento, em parâmetros muito diferentes daqueles originalmente<br />

apresentados pelo poder público.<br />

102 Metropolização e Megaeventos

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