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BRASIL

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acusações de eventuais superfaturamentos na construção e obras de reforma<br />

dos estádios, e dos impactos negativos associados a intervenções, envolvendo<br />

a morte de operários e os inúmeros casos de remoções ou despejos<br />

nas cidades-sede (COMITÊ POPULAR DA COPA E DAS OLIMPÍADAS DO<br />

RIO DE JANEIRO, 2014).<br />

A análise dos gastos, e a importância dos investimentos em infraestrutura<br />

urbana de mobilidade, em aeroportos e portos, no entanto, evidencia<br />

que, muito além de competições esportivas 10 , os megaeventos estão<br />

associados a processos de reestruturação e renovação das cidades-sede.<br />

Em relação aos gastos necessários para a realização da Copa do Mundo<br />

ainda é importante fazer algumas considerações sobre a sua distribuição<br />

geográfica, buscando verificar se os investimentos vinculados à Copa do<br />

Mundo obedecem algum princípio de equidade regional.<br />

Conforme pode ser observado na Tabela 2, as cidades de São Paulo<br />

e Rio de Janeiro se destacam no recebimento de recursos, respectivamente,<br />

com 17,25% e 15,83%, sendo seguidas por Belo Horizonte com 9,28%.<br />

É evidente que existe uma distribuição desigual de recursos, com concentração<br />

dos mesmos na região Sudeste, com mais de 11,5 bilhões ou 42%.<br />

O Nordeste é a segunda região que mais recebeu recursos (22%), mas estes<br />

são divididos entre suas quatro cidades-sede – Fortaleza e Natal 5,8%; Recife<br />

(6,7%); Salvador (3,7%) –, enquanto o Centro-Oeste recebeu aproximadamente<br />

16,6%, mas dividido entre apenas duas cidades-sede – Brasília (7,8%)<br />

e Cuiabá (8,8%). Manaus (4,6%), Curitiba (3,5%) e Porto Alegre (1,7%) aparecem<br />

com recursos significativamente menores em relação aos líderes. Dessa<br />

forma, a região Norte aparece como a região que menos recebeu recursos,<br />

logo atrás da região Sul com 5,2%, mas que teve duas cidades-sede. Assim,<br />

percebe-se que os gastos envolvidos para a preparação da Copa do Mundo<br />

são concentrados espacialmente e essa concentração parece reproduzir o<br />

modo como historicamente são distribuídos os recursos públicos no Brasil.<br />

Pode-se observar fenômeno semelhante no caso das Olimpíadas de<br />

2016, no Rio de Janeiro. Mas antes de descrever este caso, vale a pena fazer<br />

um breve comentário em relação à questão da informação e transparência.<br />

Um problema se refere à demora na apresentação da Matriz de Responsabilidades<br />

das Olimpíadas, o que somente aconteceu em janeiro de 2014, há<br />

menos de dois anos e meio do evento. Mesmo com o atraso em sua apresentação,<br />

ainda existem lacunas relacionadas à existência de projetos que não<br />

apresentam seu orçamento previsto.<br />

Também é preciso destacar que a Prefeitura utiliza uma metodologia<br />

pouco usual, baseada na classificação dos projetos pelo seu “nível de matu-<br />

10 Competições esportivas que em si também se transformaram em negócios bilionários,<br />

haja vista o lucro R$ 6,3 bilhões projetado pela FIFA para o ano de 2014. Fonte: http://esportes.<br />

br.msn.com/futebol/copa-de-2014-gera-lucro-de-rdollar-63-bilh%C3%B5es-para-a-fifa<br />

62 Metropolização e Megaeventos

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