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BRASIL

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Destaca-se ainda que com todos os atrasos que ocorreram na obra, alguns<br />

elementos do projeto foram modificados. Tal foi o caso da proposta de<br />

inserção de uma cobertura retrátil e que acabou sendo excluída do projeto<br />

para a Copa do Mundo de 2014 18 . Tido como um diferencial e inovador, esse<br />

item daria ao Joaquim Américo Guimarães o status de estádio mais moderno<br />

do Brasil, adjetivo obtido anteriormente em sua inauguração em 1999,<br />

quando passou a ser denominado extraoficialmente de Arena da Baixada.<br />

Assim, é sob a égide do discurso da modernidade que o projeto desse estádio<br />

pode ser compreendido. Embora se tenha dado destaque nos últimos<br />

tempos, em razão da realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014, o projeto<br />

de modernização já está em curso desde a década de 1990 e evidencia<br />

algumas transformações para além da construção do estádio, ou seja, consumo,<br />

marketing e tecnologia passam a ser considerados tão importantes<br />

quanto os jogos de futebol.<br />

Além do discurso que busca justificar a modernização constante dos<br />

estádios, que por consequência abre perspectivas de negócios para determinadas<br />

empresas 19 , outros aspectos também devem ser inseridos na discussão<br />

sobre a reforma e conclusão do Joaquim Américo Guimarães para a<br />

Copa. Nesse sentido, considera-se que um dos mais preocupantes é o que<br />

coloca um pretenso “bem comum”, como a Copa do Mundo, acima dos interesses<br />

da população que mora no entorno do estádio, negando-lhe a possibilidade<br />

de viver ali.<br />

Assim, o estádio localiza-se em uma Zona Especial Desportiva (ZE-<br />

D), área caracterizada, segundo a legislação, pela existência ou previsão de<br />

edificações, equipamentos e instalações destinadas a grandes usos institucionais.<br />

Tendo essa definição como base, o Anexo I do Decreto Municipal<br />

1.957, de 08 de dezembro de 2011, utiliza como justificativa para a declaração<br />

de utilidade pública de alguns imóveis o fato de que determinados<br />

lotes no entorno eram de interesse para o uso esportivo e, portanto, seriam<br />

desapropriados.<br />

É importante ressaltar, conforme evidenciado por Silva e Peichó<br />

(2013), que originalmente a área onde se localiza o estádio era uma ZR-<br />

4. Essa ZE-D foi regulamentada apenas em 2006, pela Lei nº 11.997/2006,<br />

18 O projeto arquitetônico desenvolvido para o Joaquim Américo Guimarães, por Carlos Arcos<br />

Arquite(c)tura, diferencia-se bastante da concepção original do estádio inaugurado em 1999.<br />

Além da própria arquitetura, marcada externamente por formas geométricas quadradas, não<br />

há qualquer referência às cores do clube (vermelho e preto), o que pode comprometer a identidade<br />

dos torcedores com o estádio e o sentimento de pertencimento ao Clube Atlético Paranaense.<br />

Sobre a criação da identidade dos torcedores com o estádio, que levou à criação da<br />

alcunha de “Caldeirão”, sugere-se a leitura de Capraro (2004).<br />

19 De acordo com informações disponibilizadas pelo Clube Atlético Paranaense, as seguintes<br />

empresas estariam envolvidas na implementação da cobertura retrátil: Carlos Arcos Arquite(c)<br />

tura (projeto), Andrade Rezende (o cálculo do projeto) e Brafer (fabricação). Os painéis fotovoltaicos<br />

seriam produzidos no exterior e importados por uma fornecedora de responsabilidade<br />

da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Copel.<br />

292 Metropolização e Megaeventos

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