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BRASIL

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possuindo parâmetros construtivos superiores à ZE-D já existente na Lei<br />

nº 9.800/2000 (Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo de Curitiba). Além da<br />

ZE-D que abrange a área do estádio Joaquim Américo Guimarães (Zona Especial<br />

Desportiva Clube Atlético Paranaense), através da Lei nº 11.997/2006,<br />

também foram instituídas mais outras três, a do Coritiba Foot Ball Club, do<br />

Paraná Clube e do Paraná Clube-Boqueirão, ou seja, uma para cada estádio<br />

dos principais times de Curitiba.<br />

Um aspecto que chama a atenção é o fato de essa Lei ter regulamentado<br />

a área ocupada pelo Joaquim Américo Guimarães como ZE-D justamente<br />

um ano antes de Curitiba candidatar-se a cidade-sede e ter indicado este<br />

estádio como lugar para a realização dos jogos da Copa do Mundo de 2014.<br />

A mudança na legislação permitiu não somente a alteração dos parâmetros<br />

construtivos, mas também a possibilidade posterior de se realizar desapropriações,<br />

beneficiar o Clube com o potencial construtivo, entre outros.<br />

Em relação às desapropriações, estas envolveram 17 imóveis, dos<br />

quais, 12 foram desapropriados totalmente, quatro foram parciais e um, do<br />

Exército Brasileiro, foi permutado por outra área na cidade. De uso majoritariamente<br />

residencial, alguns imóveis apresentavam casas antigas, além<br />

do fato de haver moradores que residiam naquela localidade há décadas.<br />

Apesar de os moradores não terem conseguido barrar o processo, vários<br />

obtiveram ampliação nos valores pagos pelos imóveis, com reajustes que<br />

variaram de 32% a 85%. É importante salientar que o bairro no qual se localiza<br />

o estádio tem como perfil uma população de classe média/média alta e<br />

encontra-se numa área de valorização imobiliária, e por isso, os valores de<br />

desapropriação dos imóveis situaram-se entre R$ 488,3 mil a R$ 1,35 milhão<br />

(MENDES JÚNIOR, 2013).<br />

Dessa forma, segundo o Anexo I do Decreto Municipal nº 1.957/2006,<br />

as desapropriações ocorreram tanto para adequar o estádio às exigências de<br />

acessibilidade, segurança e conforto quanto para a criação de espaços exclusivos<br />

para o evento, incluindo-se a circulação seletiva de torcedores. Mais<br />

uma vez, a polêmica se acentua, pois as desapropriações foram realizadas<br />

com recursos públicos, R$ 14,5 milhões, e, após isso, tais áreas são transferidas<br />

ao Clube Atlético Paranaense 20 .<br />

O uso de recursos públicos no estádio vai além das desapropriações.<br />

De acordo com notícia divulgada pela própria Prefeitura Municipal de Curitiba,<br />

os investimentos totais que incidem direta e indiretamente no Joaquim<br />

Américo Guimarães situam-se em R$ 219,7 milhões e abrangem melhorias<br />

na infraestrutura viária do entorno, obras para a estrutura de transmissão<br />

de TV, entre outros, conforme pode ser observado na Tabela 1 e na Figura 3.<br />

20 A responsabilidade pelas desapropriações dos imóveis no entorno do estádio Joaquim<br />

Américo Guimarães já tinha sido definida como do Município de Curitiba no Convênio nº<br />

19.275/2010.<br />

Elementos para a Compreensão das Transformações de Curitiba em Face da Copa 2014 293

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