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BRASIL

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movimentos dentro do poder político institucionalizado a partir do consecutivo<br />

sucesso eleitoral do Partido dos Trabalhadores. Forma-se, portanto,<br />

no fim da primeira década do século XXI, um forte ambiente de desencanto<br />

no seio dos movimentos contra-hegemônicos.<br />

Movimentos não hegemônicos<br />

Após várias décadas relegadas a um alcance bastante limitado, iniciativas<br />

não hegemônicas internacionais de maior fôlego começam a ressurgir na<br />

década de 1970, graças à crise do estado do bem-estar social e a gradual erosão<br />

das bases do chamado socialismo real. Nesse sentido, foram pioneiras as<br />

experiências autonomistas na Itália e na Alemanha, comumente associadas<br />

a centros contraculturais oriundos de ocupação de prédios abandonados.<br />

Contudo, a emergência mais sólida destes movimentos somente aconteceria<br />

após o fim da União Soviética e da queda do muro de Berlim, que deflagraram<br />

em definitivo uma grande crise no movimento comunista, reabrindo<br />

espaços para a reformulação da esquerda revolucionária (KATSIAFICAS,<br />

1997).<br />

Com a década de 1990 ocorre um refluxo de ideias e práticas libertárias<br />

em várias partes do mundo, que ao longo dos últimos anos do século<br />

formariam uma rede internacional antiglobalização. O principal marco inicial<br />

desta nova fase foi o levante zapatista de 1994 contra o neoliberalismo<br />

e o estado Mexicano, cujo discurso autonomista passou a inspirar muitos<br />

movimentos do chamado mundo desenvolvido. Passados quatro anos do<br />

manifesto zapatista, ocorre a primeira conferência para a Ação Global dos<br />

Povos (AGP), realizada em Genebra, na Suíça. Ao reunir movimentos sociais<br />

de todos os continentes, tal encontro tinha o objetivo de iniciar a coordenação<br />

dos chamados “Dias de Ação Global”, voltados para a articulação conjunta<br />

de resistências anticapitalistas à globalização neoliberal e seus agentes<br />

através de métodos de ação direta. A partir daí, manifestações de rua foram<br />

simultaneamente organizadas em diversas cidades do mundo de forma a<br />

coincidir com datas de encontro de organizações supranacionais vistas<br />

como promotoras do capitalismo global (CURRAN, 2006).<br />

De forma semelhante ao que havia ocorrido na Europa, o neoanarquismo<br />

brasileiro tem como principal embrião movimentos de contracultura<br />

juvenil, que efervesciam nas metrópoles nacionais no final da década<br />

de 1980. Nos últimos anos da década de 1990, as manifestações organizadas<br />

pelo movimento antiglobalização dos países do norte causariam importantes<br />

efeitos neste cenário, funcionando como o incentivo que faltava para<br />

colocar a incipiente articulação contracultural com inspiração anarquista<br />

num outro patamar de mobilização. Os embates entre polícia e manifestantes<br />

durante os protestos de Seatle, em 1999, amplamente divulgados pela<br />

148 Metropolização e Megaeventos

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