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BRASIL

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airros mais valorizados, seguindo uma tendência das metrópoles brasileiras<br />

de aquecimento do setor como um todo.<br />

Assim, o bairro de Lagoa Nova já apresentava uma tendência de valorização<br />

imobiliária, fruto dos ajustes de preços ocorridos em outros bairros<br />

de Natal como Ponta Negra, Petrópolis e Tirol e pela entrada de usos não<br />

residenciais (setor de serviços e escritórios) a partir de meados dos anos<br />

2000. Há uma maior oferta de imóveis novos em alguns pontos específicos<br />

do bairro, não necessariamente em terrenos vazios – casas têm dado lugar a<br />

prédios verticalizados.<br />

Nossa hipótese aponta que a insistência da demolição e construção<br />

do estádio no mesmo lugar pode ser um efeito do próprio processo de valorização<br />

imobiliária dessa região da cidade, isto é, a Arena das Dunas já<br />

iniciou sua atratividade locacional em um bairro de alta valorização, diminuindo<br />

os riscos do negócio pelo viés imobiliário. Portanto nos parece<br />

que não há impacto de valorização devido exclusivamente à construção da<br />

Arena das Dunas, mas há uma alta de preços no bairro reforçando a concentração<br />

imobiliária na região, ampliada pelos projetos públicos de infraestrutura<br />

(viário, calçadas, sinalização etc.) previstos. Além disso, já havia<br />

(antes do anúncio da Copa 2014) uma transição de residencial para serviços,<br />

em especial serviços baseados em escritórios e mais qualificados.<br />

Nesse sentido, os dados indicam que há sim um processo de valorização<br />

imobiliária no entorno da Arena das Dunas, embora ocorra no sentido<br />

de consolidar uma tendência de elitização constante presente desde o início<br />

dos anos 2000.<br />

Agenda social e ambiental: um necessário contraponto.<br />

No que tangencia a questão ambiental cabe observar que, como diagnosticado<br />

pelo dossiê da articulação nacional dos comitês populares da copa<br />

– Megaeventos e violações de direitos humanos no Brasil (2012) – o que se<br />

tem na realidade em diversas subsedes do megaevento são projetos que não<br />

cumprem com efetividade a participação social, justificando situações de<br />

crise para simplificação de processos e eliminação de etapas legais – e em<br />

Natal, isso não é diferente.<br />

De fato, foi diagnosticada essa realidade com a construção do estádio<br />

Arena das Dunas por fatores preponderantes: o primeiro refere-se ao respeito<br />

à legislação Conama que prevê um estudo social e não apenas técnico<br />

da melhor opção possível para elaboração da obra, justificado pela “ligação<br />

social” com uma estrutura prévia, portanto, pensar outras opções é fundamental.<br />

O segundo fator diz respeito ao início das obras com base em um<br />

Relatório Ambiental Simplificado (RAS), desconsiderando os possíveis impactos<br />

da obra – uma estratégia para isso é fragmentar o projeto em etapas,<br />

358 Metropolização e Megaeventos

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