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Conclusões<br />

Em uma das suas últimas palestras públicas, realizada em uma conferência<br />

na Brunel University, Stanley Cohen (2010) argumentou que realidades<br />

previamente negadas deveriam ser trazidas para a atenção do público e provocar<br />

a conscientização sobre os diferentes elementos que envolvem problemas<br />

sociais. Sociólogos não têm um status privilegiado em alertar sobre<br />

essa situação e sugerir políticas remediáveis – são apenas mais um grupo<br />

que que exige reivindicações – mas eles podem expor “reação inferior (apatia,<br />

negação e indiferença)” e “reação excessiva (exagero, histeria, preconceito<br />

e pânico)” (COHEN, 2002, p. xxxiv). Pânicos morais criados por cientistas<br />

sociais podem se tornar “uma ferramenta crítica para expor interesses e ideologias<br />

dominantes” (COHEN, 2002, p. xxxiii). Ele então identifica a essência<br />

de uma política cultural de pânicos morais.<br />

Esporte, e megaeventos esportivos, como as Olimpíadas, em especial,<br />

podem aparecer superficialmente como ferramentas críveis de desenvolvimento.<br />

Ainda, eles o fazem de maneira que não desafia desigualdades ou<br />

o desenvolvimento neoliberal. Na verdade, sediar megaeventos esportivos<br />

pode ser a estrutura mais conveniente para a promoção das agendas neoliberais,<br />

desde que eles não desviem das noções “de cima para baixo” de<br />

desenvolvimento econômico e social. A mudança aparente dos dois maiores<br />

organizadores de eventos esportivos, FIFA e o IOC, é em direção à realização<br />

de megaeventos no Sul ou desenvolverem economias de mercado conectadas<br />

com tentativas recentes de ligar o esporte e o desenvolvimento social.<br />

Mas, os megaeventos no Sul estão comprometidos pela posição fraca dos<br />

países-sede de suportar o fardo de sediar e os custos de oportunidade sendo<br />

relativamente maiores que nas economias avançadas. Consequentemente,<br />

eles chamam atenção para a neoliberalização da política dos Jogos Olímpicos.<br />

O aumento da polarização social é um dos maiores legados dos megaeventos,<br />

envolvendo perda, marginalização e injustiça.<br />

Porter et al. (2009, p. 397) sugere que a negação das desvantagens de<br />

sediar megaeventos esportivos – na mídia e também entre os organizadores<br />

da mesma – deriva parcialmente da relativa “invisibilidade” da população<br />

existente e vizinhança para “abstrações burocráticas de “entregar” grandes<br />

espaços e novas infraestruturas”. A partir dessa perspectiva, “os pobres, sem<br />

teto e marginalizados são simplesmente sujeitos à remoção” (ibid). As pessoas<br />

envolvidas são feitas invisíveis por meio de procedimentos de planejamento,<br />

que criam uma maior desconfiança em instituições públicas e são<br />

desalojadas. Cohen (2010) sugere que movimentos anti-negação possam ser<br />

um caminho para desenvolver pânicos morais sobre injustiças. Ele declarou<br />

que “minha própria política cultural envolve... tentando expor as estratégias<br />

de negação implementadas para prevenir o reconhecimento dessas realida-<br />

498 Metropolização e Megaeventos

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