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BRASIL

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destes especialmente para divulgação de mobilizações dos Comitês Populares<br />

da Copa.<br />

Concomitantemente, uma nova rodada de protestos no âmbito internacional<br />

voltava a inspirar movimentos não hegemônicos locais mais<br />

ortodoxos, redirecionando a atuação de alguns grupos para questões mais<br />

globais. Neste sentido, se mostrou importante a sequência iniciada em 2010<br />

com a chamada Primavera Árabe, passando pelo movimento dos Indignados<br />

na Península Ibérica e, particularmente, pelo Occupy Wall Street nos<br />

EUA em 2011. Estas mobilizações tinham algumas características em comum,<br />

como a relativa descentralização da organização dos protestos, convocados,<br />

sobretudo, por jovens através das chamadas redes sociais virtuais<br />

da internet, combinada com alto descontentamento frente à política institucional.<br />

Além disso, a ocupação permanente de espaços públicos urbanos<br />

foi adotada como ferramenta privilegiada de ação direta.<br />

O Brasil somente entraria neste mapa durante a gestação do movimento<br />

Occupy Wall Street, nos últimos meses de 2011, quando foram convocados<br />

protestos globais de apoio aos manifestantes acampados em Nova<br />

York. No dia 15 de outubro daquele ano, foram registrados protestos em São<br />

Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e<br />

Salvador. O movimento brasileiro dos “ocupas” era formado, sobretudo, por<br />

uma nova geração de estudantes e artistas de classe média que utilizavam<br />

a internet para se organizar e passaram a construir assembleias presenciais<br />

para a tomada de decisões consensuais, adotando a horizontalidade como<br />

um meio e um fim. Apesar da heterogeneidade dos participantes, pode-se<br />

dizer que tinham como intuito idealizar soluções anticapitalistas e não institucionais<br />

para problemas contemporâneos de representatividade, consubstanciados<br />

na frase “democracia direta já!” 12<br />

Esta experiência não teve longa duração – no começo de 2012 os<br />

acampamentos brasileiros já haviam sido destruídos – e não superou algumas<br />

centenas de participantes, mas foi sintomática em diversos sentidos.<br />

Primeiramente, indicava um aprofundamento do desencanto com as instituições<br />

político-econômicas, principalmente de uma nova geração. Além<br />

disso, a ocupação permanente de espaços públicos urbanos para o debate<br />

e experimentação foi uma importante novidade por se diferenciar dos tradicionais<br />

protestos pontuais e esporádicos. Aliando o seu crescente descontentamento<br />

com a busca por inovações, jovens conseguiram transpor<br />

questionamentos antes restritos ao ambiente virtual às praças públicas.<br />

Um de seus principais resultados foi a formação de subjetividades<br />

acerca de problemas políticos, de relações com espaços públicos e de métodos<br />

de ação. Isto foi potencializado pela novidade trazida pelas transmissões<br />

12 Ver http://www.midiaindependente.org/pt/red/2011/10/498766.shtml, acessado em outubro<br />

de 2014.<br />

154 Metropolização e Megaeventos

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