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BRASIL

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pa, o Estado brasileiro abriu mão de arrecadar quase um bilhão de reais,<br />

enquanto a FIFA teve a previsão de sua maior arrecadação na história e as<br />

grandes empreiteiras brasileiras 23 se beneficiaram com a sua participação<br />

na maioria dos projetos, desde a construção e reforma dos estádios as obras<br />

de infraestrutura de mobilidade urbana.<br />

A aplicação direta de recursos, o financiamento público de obras e<br />

projetos e a renúncia fiscal foram os principais mecanismos utilizados pelo<br />

poder público para viabilizar a Copa do Mundo de 2014. Estes mecanismos<br />

também estão sendo utilizados na preparação das Olimpíadas de 2016, mesmo<br />

que a magnitude dos recursos envolvidos seja um pouco diferente em<br />

cada uma dessas modalidades de atuação. Um estudo da Receita Federal<br />

aponta para o fato que as isenções fiscais nas Olimpíadas serão da ordem de<br />

R$ 3,8 bilhões, ou seja, quase quatro vezes maior que na Copa do Mundo 24 .<br />

O Estado brasileiro se comprometeu diretamente com a viabilidade<br />

dos megaeventos esportivos sediados pelo país, tanto institucionalmente<br />

como economicamente. Poderia se dizer que a realização da Copa e das<br />

Olimpíadas se transformou em uma política de Estado, uma vez que diversos<br />

poderes e níveis da administração pública participaram desse processo.<br />

Do ponto de vista econômico, portanto, o Estado brasileiro pode ser<br />

considerado o principal agente promotor da Copa do Mundo 2014 e das<br />

Olimpíadas 2016, beneficiando de maneira específica cada grupo de interesse<br />

agrupado em torno da FIFA e do COI 25 . Essas duas organizações privadas,<br />

suas subsidiárias e parceiras comerciais, além das emissoras responsáveis<br />

pela transmissão do megaevento, são beneficiadas pelas isenções de impostos.<br />

As empreiteiras, sempre entre as maiores financiadoras de campanhas<br />

eleitorais, são beneficiadas com grande volume de obras e recursos públicos<br />

e têm diversificado suas operações, começando a participar da gestão<br />

de equipamentos e serviços públicos por meio de PPPs, tanto de estádios<br />

como de sistemas de transporte público implantados durante a preparação<br />

das cidades-sede para receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Já o capital<br />

imobiliário se beneficia das melhorias urbanas seletivas promovidas<br />

no contexto desses megaeventos, que tem forte impacto sobre a valorização<br />

imobiliária de determinadas áreas das cidades envolvidas nesse processo.<br />

23 São diversas as denúncias de favorecimento às grandes empreiteiras brasileiras. No caso<br />

do Rio de Janeiro, há indícios de favorecimento a um grupo de grande empreiteiras, conhecidas<br />

como “as quatro irmãs”: Odebrecht; OAS; Camargo Corrêa; Andrade Gutierrez. Segundo estudo<br />

do Instituto Mais Democracia, estas empresas teriam formado uma espécie de cartel responsável<br />

por dividir as obras da Copa e das Olimpíadas no Rio de Janeiro, conforme: PINTO, João Roberto<br />

Lopes. “Donos do Rio”. Artigo no site do Instituto Mais democracia. Disponível em http://<br />

maisdemocracia.org.br/blog/2013/07/16/donos-do-rio/ Acessado em: jul. 2014.<br />

24 Fonte: http://esporte.uol.com.br/rio-2016/ultimas-noticias/2014/09/25/leis-da-copa-<br />

-facilitaram-vida-da-fifa-comite-olimpico-tera-mais-beneficios.htm<br />

25 COI é a sigla, em português, do Comitê Olímpico Internacional; em inglês, IOC – International<br />

Olympic Committee.<br />

Impactos Econômicos dos Megaeventos no Brasil 71

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