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BRASIL

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ciais, pesquisadores acadêmicos e agências internacionais de cooperação e<br />

desenvolvimento.<br />

A base deste reconhecimento foi o “Orçamento Participativo”, um<br />

modelo de gestão urbana baseado na participação popular e que visava à reversão<br />

de prioridades por parte do governo local: da aplicação de recursos e<br />

investimentos públicos nas áreas nobres e mais valorizadas – como tradicional,<br />

para os setores menos favorecidos da cidade – periferias urbanas e territórios<br />

de exclusão. É importante sublinhar que o Orçamento Participativo<br />

não foi o único instrumento de exercício da democracia local em Porto Alegre:<br />

o período das chamadas “administrações populares” (1989-2004) foi um<br />

momento efervescente e de experimentação nas políticas públicas em diferentes<br />

setores (transporte, saúde, educação, cultura, políticas sociais) que<br />

pretendiam – e em muitos casos conseguiram – mudar a “cara” da cidade.<br />

O acúmulo de experiências de gestão urbana inovadoras culminou na<br />

realização do I Fórum Social Mundial (FSM) em 2001, o qual reuniu ativistas<br />

políticos e movimentos sociais e populares de todo o mundo na cidade.<br />

Porto Alegre ainda acolheu três edições (2002, 2003 e 2005) do Fórum Social<br />

Mundial, porém a partir de 2004 as políticas urbanas populares acusaram<br />

certo esgotamento, advindo dos seus próprios limites e da exaustão e “burocratização”<br />

da participação na política local. Desde então, observamos uma<br />

nova etapa na política local da cidade, a qual sua designação como uma das<br />

sedes da Copa do Mundo de 2014 apenas acelerou a transição de modelo de<br />

gestão urbana que vinha se operando: da gestão participativa para a gestão<br />

empresarialista, na qual os agentes privados, especialmente do capital imobiliário,<br />

tomam as rédeas do “desenvolvimento” da cidade.<br />

Segundo Lahorgue e Cabete (2013:06), a escolha de Porto Alegre como<br />

uma sede da Copa tem duas consequências básicas:<br />

1) a modernização do estádio Beira-Rio, pertencente ao Sport<br />

Club Internacional e indicado como local para a realização dos<br />

jogos na cidade e 2) um conjunto de intervenções no espaço<br />

urbano que são as obras de adequação das cidades-sede, tanto<br />

por uma exigência da FIFA como por uma vontade dos poderes<br />

públicos brasileiros em aproveitar a oportunidade para<br />

a realização de transformações estruturais na paisagem urbana,<br />

como uma modernização deste espaço para os moradores,<br />

além de torná-lo mais agradável e atrativo para futuros turistas<br />

e visitantes.<br />

A estas duas poderíamos acrescentar a construção da “Arena Porto-<br />

-Alegrense”, estádio do Grêmio Futebol Porto-Alegrense, que não sediará jogos<br />

do Mundial. Entretanto, dada a envergadura do empreendimento e dos<br />

impactos que o mesmo vem causando na estrutura socioespacial da cidade,<br />

entendemos que a Arena se enquadra no contexto do megaevento Copa do<br />

368 Metropolização e Megaeventos

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