19.08.2016 Views

BRASIL

002721822

002721822

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Mundo de 2014 na cidade. Embora os megaprojetos urbanos não sejam uma<br />

novidade na gestão pública, o padrão de tomada de decisões e governança<br />

na política urbana brasileira não tem levado em conta a construção de<br />

“confiança”, normalmente com as decisões governamentais tomadas unilateralmente<br />

ou apenas com diálogos restrito a poucos interessados. No caso<br />

das intervenções urbanas necessárias à viabilização da Copa do Mundo em<br />

Natal, o arcabouço institucional, representado pela Matriz de Responsabilidades,<br />

tem refletido o padrão de execução e tomada de decisões do federalismo<br />

verticalizado brasileiro nas políticas públicas dos grandes projetos<br />

urbanos, com forte controle financeiro e regulatório para liberação de recursos<br />

pelo governo federal e dependência decisória dos governos locais.<br />

No caso de Natal, os instrumentos de regulação federal não têm sido<br />

suficientes para garantir resultados homogêneos nas políticas urbanas com<br />

prazo definido no tempo pela FIFA, devido à própria trajetória diferenciada<br />

de governança, no âmbito local. Esse processo tem levado a falhas na implementação<br />

de políticas, bem como a um alto custo de politização no processo<br />

de regulação. No plano político, o que se observa na governança da Copa<br />

do Mundo de 2014 em Natal, é um quadro de dissimetria e conflito entre a<br />

governança proposta pela matriz de responsabilidades e o padrão de interlocução<br />

do governo local com os canais de participação social provenientes<br />

da Constituição de 1988. Embora a Matriz de Responsabilidades tenha proposto<br />

um novo arranjo institucional para a Copa do Mundo de 2014, mais<br />

transparente e controle social sobre as intervenções, a pesquisa verificou<br />

um quadro de confronto entre a agenda de governo (corporativa e fechada<br />

a poucos interessados) e a demanda da sociedade civil (aberta e pública). O<br />

obstáculo à governança colaborativa, a nosso ver, é que não se criou uma<br />

coordenação coletiva orientada pelo consenso, necessário para o processo<br />

colaborativo entre os agentes públicos e demais atores não governamentais,<br />

conforme elementos da governança colaborativa.<br />

Considerações finais<br />

O megaevento Copa do Mundo 2014 – negócio de propriedade da FIFA –<br />

não se constitui apenas como um evento esportivo de alcance global. Para<br />

as cidades, representa um caminho rápido e intenso para engendrar novas<br />

transformações no seu território, reforçando tendências específicas – relativas<br />

geralmente à produção do espaço construído e valorização imobiliária.<br />

O que o discurso governamental (nas três esferas e independente dos marcos<br />

ideológicos) afirma é a existência de legados à população, em especial<br />

pelo ritmo acelerado de ganhos de Grandes Projetos Urbanos; o que na prática,<br />

no caso de Natal, revela a não existência de legados em si mesmos, isto<br />

364 Metropolização e Megaeventos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!