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BRASIL

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uma estimativa de absorver aproximadamente 100 mil novos habitantes<br />

(mesmo número de habitantes do município de São Lourenço). E ainda<br />

conforme seus idealizadores a cidade se estrutura em quatro pilares: “lugar<br />

para morar, trabalhar, aprender e se divertir”. O que confirma o pensamento<br />

de Harvey (2001), ao afirmar que:<br />

As atrações para o consumo (estádios esportivos, centros de<br />

convenção, shopping center etc.) e entretenimento (a organização<br />

de espetáculos urbanos em base temporária ou permanente)<br />

se tornaram facetas proeminentes das estratégias de<br />

regeneração urbana. Acima de tudo, a cidade tem de parecer<br />

um lugar inovador, estimulante, criativo e seguro para viver ou<br />

visitar, para divertir-se e consumir (Harvey, 2001, p.176).<br />

Contudo, pouco se tem avaliado as transformações socioespaciais, as<br />

novas dinâmicas de gestão, entre tantos outros impactos oriundos desses<br />

novos processos de transformação urbana.<br />

Para integrar essa nova centralidade metropolitana à região existente,<br />

algumas obras de infraestrutura estão em andamento, como: mobilidade<br />

urbana, construção de terminais integrados de passageiros, estação de metrô<br />

e de corredores de Bus Rapid Transit (BRT), cuja principal execução está<br />

sob a responsabilidade do ente estadual.<br />

No entanto, é importante destacar que para viabilizar o projeto da<br />

Copa em Recife estima-se que mais de 2 mil famílias pobres estão sendo<br />

removidas de suas moradias, seja para viabilizar os projetos de infraestrutura,<br />

seja para ceder lugar ao megaempreendimento. Alguns desses projetos<br />

poderão até beneficiar alguns moradores locais. Mas, o processo vem sendo<br />

realizado de modo que esses projetos estão sendo marcados pelos baixos<br />

valores pagos pelas indenizações, abaixo do preço de mercado, gerando protestos<br />

e manifestações (Figuras 3 e 4). As famílias que estão sendo removidas<br />

sem recebimento do pagamento indenizatório, o não oferecimento pelo<br />

governo de alternativas habitacionais e o crescente número de morte de<br />

idosos não permitem chamar as obras constituídas de legado. Além disso, a<br />

recorrência desses fatos demonstra o desrespeito de tratados internacionais<br />

sobre os despejos forçados – dos quais o Brasil é signatário –, e consequentemente,<br />

acarreta na violação de direitos humanos.<br />

Além das mudanças territoriais, também emerge nesse contexto um<br />

novo padrão de governança metropolitana, marcado preponderantemente<br />

pela participação ativa do ente privado em parceria com o ente estadual, em<br />

detrimento dos entes municipais e da sociedade civil organizada. Uma dessas<br />

evidências são as atribuições delegadas ao Consórcio, quanto à definição<br />

dos parâmetros urbanísticos e da gestão dos serviços e do controle urbano<br />

da Cidade da Copa, funções essas que são municipais. Isso evidenciará ainda<br />

mais a segregação socioespacial ora em construção na medida que se<br />

392 Metropolização e Megaeventos

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