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BRASIL

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A concepção especulativa das parcerias público-privadas implica<br />

uma série de riscos e dificuldades característicos deste tipo de atividade. Em<br />

geral, isto significa que o poder público assume os riscos e a iniciativa privada<br />

usufrui dos benefícios. Na governança empreendedorista, a vantagem<br />

comparativa proporcionada pelas parcerias público-privadas estaria vinculada<br />

exatamente ao fato do poder público minimizar os riscos das atividades<br />

mercantis, caracterizadas pela sua natureza essencialmente especulativa.<br />

A prevalência de certos lugares – espaços específicos das cidades – sobre<br />

o conjunto do território seria outra característica do empreendedorismo<br />

urbano. Nessa perspectiva, percebe-se a identificação das áreas e projetos<br />

pontuais que seriam atrativos para o mercado. Mesmo sem descartar a possibilidade<br />

de que tais benefícios se espalhem pelo conjunto do território,<br />

são inegáveis os riscos de ampliação das desigualdades socioterritoriais.<br />

Além disso, a execução destes projetos pontuais pode favorecer a formação<br />

de coalizões de poder com capacidade de controlar a esfera pública e as decisões<br />

relativas aos recursos públicos, de forma a favorecer seus próprios<br />

interesses.<br />

Do ponto de vista da cidade, são grandes os impactos destas transformações<br />

na governança urbana. Harvey (1996, p. 53) sintetiza que:<br />

o novo empresariamento urbano se caracteriza, então, principalmente<br />

pela parceria público-privada tendo como objetivo<br />

político e econômico imediato (se bem que, de forma nenhuma<br />

exclusivo) muito mais o investimento e o desenvolvimento<br />

econômico através de empreendimentos imobiliários pontuais<br />

e especulativos do que a melhoria das condições em um âmbito<br />

específico.<br />

Nesse sentido, a difusão de parcerias público-privadas no contexto<br />

dos megaeventos esportivos no Brasil pode ser entendida como um processo<br />

de difusão do próprio modelo de governança empreendedorista neoliberal<br />

para as metrópoles brasileiras 30 . Cabe destacar, megaeventos esportivos<br />

como a Copa do Mundo e as Olimpíadas têm cumprido um papel central na<br />

promoção do empreendedorismo urbano e de modelos de regulação pública<br />

em outros lugares do mundo (EICK, 2011).<br />

Considerações finais<br />

Ao longo do artigo, sistematizou-se um conjunto de informações fundamentais<br />

para a compreensão dos custos da Copa do Mundo 2014 e das<br />

30 Uma análise mais aprofundada das características que a governança empreendedorista<br />

assume no Brasil pode ser encontrada em Ribeiro e Santos Junior (2013).<br />

Impactos Econômicos dos Megaeventos no Brasil 75

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