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BRASIL

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de interesse social em vários planos metropolitanos, ao longo de décadas. A<br />

definição desse uso justificava-se devido ao padrão de ocupação da localidade,<br />

predominantemente ocupada por população pobre, e pelo acentuado<br />

déficit habitacional, diagnosticado como um dos mais graves problemas da<br />

RMR, desde a sua formação.<br />

Corroborando com os planos metropolitanos, estava previsto no Plano<br />

Diretor do município de São Lourenço da Mata a classificação da área<br />

escolhida como Zona Especial de Interesse Social – ZEIS do tipo 2, com a<br />

finalidade de promover ações de regularização fundiária, já que existiam<br />

aproximadamente 330 posseiros no local, além da destinação para habitações<br />

de interesse social, chegando a ser elaborado o projeto arquitetônico<br />

do Conjunto Habitacional Rivaldo José Ferreira, com a previsão de mais de<br />

4 mil unidades habitacionais, o qual beneficiaria a comunidade do entorno,<br />

ali existente. Mas, com o anúncio da Copa em Recife e da escolha dessa localidade,<br />

transformaram-se os projetos, os planos e as legislações.<br />

Para viabilizar essa nova centralidade, foi elaborado o plano urbanístico<br />

da Cidade da Copa, concebido inicialmente pelo Núcleo de Operações<br />

Técnicas/NTOU, vinculado ao Governo do Estado, que, além da arena, era<br />

predominantemente composto de área residencial. No entanto, mesmo<br />

após o plano criado e divulgado, optou-se por outro projeto, de porte bem<br />

mais arrojado, que, dessa vez, ficou sob a responsabilidade da iniciativa privada<br />

a sua criação. A Cidade da Copa passou a fazer parte de uma operação<br />

financeira – parceria público-privada (PPP) – entre Governo do Estado<br />

e Consórcio Arena Pernambuco, constituído pelas empresas Odebrecht Investimentos<br />

em Infraestrutura Ltda. e Odebrecht Serviços de Engenharia e<br />

Construção S.A.<br />

Sendo assim, o Consórcio contratou um novo plano urbanístico ao<br />

escritório americano Aecom, em parceria com o grupo AEG Development,<br />

que desenvolveu o projeto imobiliário. A concepção desse novo projeto teve<br />

como inspiração a cidade de Minato Mirai, distrito de Yokohama, conhecida<br />

como a primeira cidade inteligente do Japão. E, como reflexo, a Cidade da<br />

Copa em São Lourenço da Mata é anunciada como a primeira Smart City<br />

da América Latina, demonstrando uma estratégia de marketing urbano que,<br />

sobretudo, dissocia a imagem de cidade pobre real de uma “cidade inteligente”,<br />

ora em construção. Esse modelo de cidade pouco tem a ver com a realidade<br />

de São Lourenço da Mata, bem como do Grande Recife. Mas, é bem<br />

adequado à lógica da produção capitalista do espaço, em que a população<br />

pobre que ali reside é só um detalhe que a dinâmica imobiliária, pela qual<br />

está passando a região, se encarregará de resolver.<br />

Além da arena multiuso, com capacidade para 46 mil torcedores, no<br />

megaprojeto estão previstos os usos habitacional, entretenimento e negócios,<br />

hotelaria, centro de convenções e feiras, e campus universitário, com<br />

impactos da Copa do Mundo de 2014 na Região Metropolitana do Recife 391

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