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BRASIL

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identidades culturais. Estas transformações trouxeram a incorporação dos<br />

novos movimentos sociais (TOURAIN, 1989; HABERMAS, 1981) e de seus<br />

temas à conjuntura política (AVRIZTER, 1997).<br />

Embora visassem a transformações no âmbito estatal, muitos dos movimentos<br />

sociais também procuraram preservar sua relativa autonomia e<br />

desenvolver princípios emancipadores. Foi no contexto de enfraquecimento<br />

da ditadura que se iniciou a proliferação de uma série de organizações<br />

relacionadas ao movimento negro, movimento indígena, movimento pela<br />

reforma agrária, feministas, pela reforma urbana, pelos direitos LBGT, entre<br />

outros, bem como o de associações comunitárias. Apesar das pautas fragmentadas,<br />

em comum havia um clamor pela redemocratização do país, fundamental<br />

para a posterior implementação de mecanismos participativos.<br />

Porém, a implantação de reformas neoliberais após a transição para<br />

a democracia criou um vácuo institucional em áreas antes atendidas pelo<br />

governo e criou novos problemas, forçando uma reconfiguração do campo<br />

associativista durante a década de 1990. Por um lado, um grande número<br />

de novas ONGs é criado para assumir funções antes desempenhadas pelo<br />

Estado, sobretudo investimentos de cunho social. Paralelamente, há uma<br />

reconfiguração dos antigos movimentos sociais, que buscam maior institucionalização<br />

e pressionam o Estado para maior inserção nos novos mecanismos<br />

de controle social, combinada com a criação de novas frentes de<br />

ação delineadas como resposta às consequências diretas da globalização,<br />

como a precarização da força de trabalho, o desemprego e a violência urbana.<br />

Embora por vias diferentes, ambos os campos caminham na direção<br />

de relações mais estreitas com o Estado, seja através da exigência de maior<br />

participação na construção de políticas públicas, seja na forma de parceria<br />

entre governo e sociedade civil para a entrega de serviços (GOHN, 2008).<br />

A partir da virada do século ocorre a consolidação dos mecanismos<br />

de controle social graças à expansão das experiências participativas inicialmente<br />

desenvolvidas na escala local. Já em 2001, 45,92% das ONGs filiadas à<br />

Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG) afirmavam<br />

participar de algum conselho de políticas públicas. Em 2004, este<br />

número subiria para 64,36%, representando um total de 130 ONGs (ABONG,<br />

2001 e 2004).<br />

Tal fato foi consideravelmente influenciado por mudanças similares<br />

ocorridas na forma como organizações e movimentos passaram a moldar<br />

suas ações. Isto é, paulatinamente desenvolveu-se a tendência de articulações<br />

interterritoriais e intersetoriais através de redes e fóruns, uma maneira<br />

de se adaptar ao contexto de globalização, expandindo o alcance e eficácia<br />

de lutas anteriormente restritas ao âmbito local e setorial (SCHRER-WAR-<br />

REN, 2006). Se em 2001 havia 140 afiliadas à ABONG participando de al-<br />

146 Metropolização e Megaeventos

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