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BRASIL

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ao mundo global, sobretudo pela ação de empresas extralocais nas mais variadas<br />

dimensões da economia e da vida urbanas, ou mesmo por meio de<br />

estratégias de despossessão (HARVEY, 2011), segundo as quais novos atores<br />

substituem os antigos e reinventam a lógica da acumulação nas cidades. A<br />

passagem dos estádios para as arenas pode ser vista também sob a perspectiva<br />

do aprofundamento daquilo que Augé (1994) denominou de não-lugares,<br />

sobretudo porque passam a ser um elemento relacionado ao consumo<br />

das classes solváveis da população e cuja identidade relativa ao esporte em<br />

si e às manifestações locais perdem-se em face das determinações do global<br />

ou mundial. Por fim, e numa outra perspectiva, as intervenções no espaço<br />

urbano parecem ter sido capazes de reforçar centralidades antigas, mais do<br />

que criar novas, por meio da inserção de novos elementos que corroboram<br />

com a fluidez dos espaços mais luminosos da cidade (SANTOS, 2002).<br />

O alcance das transformações espaciais:<br />

obras de infraestrutura e mobilidade urbana<br />

Em 2009, Curitiba foi anunciada como uma das 12 cidades-sede da Copa do<br />

Mundo de 2014. Sua candidatura baseou-se na apresentação de uma proposta<br />

audaciosa que envolvia muitos projetos de infraestrutura para a cidade,<br />

em especial no âmbito da mobilidade urbana.<br />

Porém, para além dos projetos apresentados na candidatura e que serão<br />

discutidos posteriormente, entende-se que a escolha de Curitiba pode<br />

ser creditada também a outros dois elementos. Primeiramente, seu peso na<br />

rede urbana brasileira, tendo em vista que, na região Sul, apenas Curitiba e<br />

Porto Alegre são metrópoles, o que lhes confere uma gama de atividades ímpar<br />

em relação às demais cidades. Florianópolis, que também foi candidata,<br />

possui importância no contexto estadual, mas pouca influência regional,<br />

não sendo sequer o maior centro dinâmico em termos de população e economia<br />

do estado de Santa Catarina 3 . E, em segundo e de grande importância,<br />

a tradição local no acionamento do city marketing como um elemento<br />

preponderante para enaltecer as experiências urbanísticas dessa cidade, afinal,<br />

ao longo das últimas décadas, tem sido notória a criação de adjetivações<br />

que buscam projetar uma imagem de sucesso e solidificar a ideia de “cidade<br />

modelo” (OLIVEIRA, 2000).<br />

Ressalta-se que tal estratégia é similar à colocada em prática por várias<br />

outras cidades no mundo que buscam construir um imaginário físico e<br />

social adequado aos propósitos competitivos na atração de investimentos<br />

de grande porte (HARVEY, 1996), tal como o da Copa do Mundo, um dos<br />

3 Além das 12 cidades-sede, candidataram-se Belém (PA), Campo Grande (MS), Florianópolis<br />

(SC), Goiânia (GO), Maceió (AL) e Rio Branco (AC).<br />

280 Metropolização e Megaeventos

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