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BRASIL

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Megaeventos e gastos públicos:<br />

o protagonismo do Estado brasileiro<br />

Para que a Copa do Mundo e as Olimpíadas possam expressar projetos de<br />

reestruturação e renovação urbana das cidades-sede são necessários vultosos<br />

recursos públicos, contrariando discursos recorrentes de que estes<br />

eventos seriam viabilizados com recursos da iniciativa privada. Nesta seção,<br />

pretende-se exatamente analisar as formas de atuação do poder público na<br />

promoção desses megaeventos esportivos.<br />

A Copa do Mundo e as Olimpíadas mobilizaram o Estado brasileiro<br />

em seus diversos níveis. Apesar de não ser objeto de discussão aprofundada<br />

neste artigo, o envolvimento do poder legislativo e judiciário foi imprescindível<br />

para a realização dos respectivos eventos. A aprovação de legislações<br />

específicas como a Lei Geral da Copa 16 e o Ato Olímpico são exemplos da<br />

atuação do poder legislativo. O judiciário também teve participação importante<br />

por meio da criação de tribunais especiais para a resolução de questões<br />

relativas à proteção de marcas e no que se refere à legislação trabalhista,<br />

flexibilizando direitos de operários da construção civil envolvidos na construção<br />

dos estádios. Estes são apenas alguns exemplos, entre outros tantos<br />

que poderiam ser mencionados, que demonstram o envolvimento do legislativo<br />

e do judiciário na promoção dos megaeventos 17 .<br />

A forma mais direta de promoção da Copa e das Olimpíadas pelo<br />

executivo se dá por meio da aplicação direta de recursos. Conforme pode<br />

ser observado na Tabela 4, na Copa, o poder público é responsável por ¾<br />

dos gastos divididos entre o Governo Federal (33%), os Governos Estaduais<br />

(34%) e os Governos Municipais (7%), enquanto a iniciativa privada se responsabilizou<br />

por apenas ¼ dos recursos restantes. Os gastos privados se limitaram<br />

a algumas obras em estádios e aeroportos, sob a forma de parcerias<br />

público-privadas (PPPs), e no setor de turismo com a construção e reforma<br />

de hotéis, beneficiados por uma ampla linha de crédito.<br />

Fenômeno semelhante aconteceu em relação às Olimpíadas, embora<br />

a aplicação direta de recursos por parte da iniciativa privada seja maior,<br />

chegando a quase 49%. No que se refere à Matriz de Responsabilidade, os<br />

recursos privados são aplicados na construção do Parque Olímpico, na Vila<br />

dos Atletas e no Campo de Golfe, além das reformas da Marina da Glória<br />

e do Sambódromo. Considerado o Plano de Políticas Públicas, a iniciativa<br />

privada também participa dos projetos do VLT da Área Portuária, do BRT<br />

16 Leis correspondentes foram aprovadas em âmbito estadual, mostrando que o legislativo<br />

estava comprometido com a realização dos megaeventos em todos os seus níveis.<br />

17 Não pode-se deixar de mencionar que estes poderes do Estado também contribuíram na<br />

repressão das mobilizações que tomaram a sociedade brasileira no contexto dos megaeventos.<br />

Leis que proíbem o uso de máscaras e acolhimento de denúncias inconsistentes e em tempo<br />

recorde são apenas alguns exemplos do esforço na manutenção da “lei e da ordem”.<br />

Impactos Econômicos dos Megaeventos no Brasil 67

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