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BRASIL

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mento das vantagens que os megaeventos podem oferecer para a sociedade<br />

é parte fundamental desse processo (SANCHÉZ et al., 2012).<br />

Foi assim também na África do Sul, país-sede da Copa do Mundo de<br />

2010. Nesse caso, como prometido, o sistema de transporte público chegou<br />

a ser ampliado e modernizado, aumentando sua capacidade. No entanto,<br />

como apontam Steinbrink, Haferburg e Ley (2011), o foco restrito no evento e<br />

em metas econômicas de curto prazo limitou as possibilidades de superação<br />

da estrutura urbana extremamente fragmentada causada pelo apartheid.<br />

No Brasil, ressalta-se, as políticas de mobilidade não acompanharam a acelerada<br />

“urbano-metropolização” do país e foram marcadas por um longo período<br />

de ausência de investimento em transporte público de massa e pelo aumento da<br />

motorização individual, o que acabou por determinar, em grande medida, a maneira<br />

como as pessoas se deslocam atualmente (VASCONCELLOS, 2013).<br />

Assim, quando se trata de qualquer assunto relacionado à mobilidade<br />

urbana no país, um importante ponto a se mencionar é a piora crescente e<br />

generalizada nas condições de deslocamento, sobretudo em anos mais recentes.<br />

Em linhas gerais, o agravamento das más condições de mobilidade<br />

urbana nas cidades brasileiras é caracterizado: i) pelo aumento dos congestionamentos<br />

e do tempo de viagem; pelo aumento expressivo no número<br />

de automóveis e motocicletas, pelo crescimento dos acidentes de trânsito e<br />

pela disseminação de formas precárias e inseguras de transporte.<br />

Portanto, ao prometer ações e soluções para os problemas de mobilidade,<br />

toca-se também em um tema bastante sensível à sociedade brasileira.<br />

Além disso, obras do porte daquelas abrigadas no rol de justificativas para a<br />

realização desses megaeventos possuem grande capacidade de reestruturação<br />

do espaço urbano em várias escalas. Entretanto, isso não assegura que<br />

tais intervenções atenderão as reais necessidades da população, pois, como<br />

veremos, há, em primeiro lugar, um tratamento bastante desigual nas estratégias<br />

de localização territorial desses empreendimentos.<br />

Além de analisar como essas intervenções são implementadas no território,<br />

a questão geral que se coloca é que tipo de ações e projetos são esses.<br />

Primeiramente, tem se questionado se a retomada do investimento em<br />

mobilidade urbana, cujo ponto de partida são os megaeventos esportivos,<br />

representa uma chance real de se superar os enormes problemas enfrentados<br />

pelas cidades brasileiras. Em segundo, se a atual política de mobilidade<br />

urbana, que encontra nos projetos relacionados aos megaeventos uma<br />

amostra bastante representativa, estaria inaugurando uma “nova era” no<br />

tratamento da questão no país ou favoreceria a reprodução do modelo rodoviarista<br />

que marcou a história dos transportes urbanos no país. Por último,<br />

se tais intervenções teriam a capacidade de promover alterações na organização<br />

do território a ponto de romper com a estruturação urbana segregada<br />

e fragmentada dessas cidades ou reforçaram a desigualdade urbana.<br />

106 Metropolização e Megaeventos

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