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BRASIL

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ana, seja na produção e gestão das cidades, seja na viabilização dos serviços<br />

de infraestrutura. Essas empresas públicas passam a ser privatizadas<br />

em grande parte na década de 1990, já sinalizando o início dessa nova era<br />

neoliberal de privatização das cidades.<br />

Com o advento da Copa 2014, percebem-se novas articulações para<br />

o início acelerado desse processo de produção e gestão das cidades. Tais articulações<br />

são implementadas pelos novos arranjos público-privados, que<br />

repassam para as grandes corporações nacionais o papel de definições dos<br />

projetos, além da produção e gestão desses equipamentos urbanos e bens<br />

públicos. Incorporam as tecnologias avançadas dos países centrais, oferecidas<br />

no mercado global, bem como o papel de gestão do equipamento, sem<br />

a destituição da propriedade pública. Vão sendo, assim, definidos os novos<br />

conteúdos de espaços urbanos, que, crescentemente privatizados, transformam<br />

o sentido de “uso público” em “coletivo privado”.<br />

De concepção autônoma, geridos no âmbito de empresas privadas,<br />

esses novos megaprojetos urbanos se inserem no território de forma segmentada<br />

e conectados a outros espaços privatizados, dando forma a um<br />

novo ciclo de reestruturação urbana. Se, por um lado, criam novas oportunidades<br />

econômicas e equipamentos urbanos sofisticados, de outro, ao<br />

intensificarem as condições de exclusividade do consumo desses espaços e<br />

serviços, fortalece a privatização seletiva da cidade, pelo acesso solvável restritivo,<br />

situação que deverá intensificar a profunda segregação socioespacial<br />

e a exclusão urbanística existente nas metrópoles brasileiras.<br />

A cidade anunciada para além da Copa 2014<br />

Evidentemente, como se analisou para Salvador, não haverá tempo útil, até<br />

a realização da Copa 2014, para a implantação de todos os projetos anunciados,<br />

com exceção daqueles exigidos na matriz de responsabilidades para<br />

o megaevento, ainda que com algum redimensionamento. Mas o momento<br />

econômico nacional se mostra fecundo em propostas para grandes investimentos<br />

públicos e privados, para além dos equipamentos direcionados a<br />

esse mundial, com as grandes demandas de logística e infraestrutura urbana.<br />

Por outro lado, a ausência de discussão com a sociedade civil e instituições<br />

representativas de interesse público da cidade não possibilita o devido<br />

amadurecimento dessas definições, em prol da produção de cidades melhores<br />

e mais sustentáveis, o que nos leva a indagar: quais os reais benefícios<br />

urbanos trazidos por esses novos projetos?<br />

Nessa era em que se aprofunda a privatização na dinâmica urbana,<br />

configura-se um “planejamento invisível”, uma cidade seletiva, com ganhos<br />

coletivos e investimentos públicos ambíguos, que devem ser desvelados e<br />

debatidos em prol do direto à cidade como bem público. Nesse sentido, na<br />

Afinal, o que ficou da Copa 2014 para as Cidades-Sede no Brasil? 457

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