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BRASIL

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deste fato, mas isso não implica que sejam as únicas que estão associadas a<br />

este processo, já que até mesmo os estádios podem servir a esta finalidade 8 .<br />

As obras em estádios e em mobilidade urbana se equivalem e são as<br />

mais importantes para a realização da Copa do Mundo em termos de volume<br />

de recursos, cada uma representando cerca de 31% dos gastos. Vale<br />

destacar que estes são dados agregados e obviamente existem variações em<br />

relação as 12 cidades-sede.<br />

Conforme pode ser observado na Tabela 2, verifica-se que Belo Horizonte,<br />

Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Natal, Recife e Rio de Janeiro apresentam<br />

uma distribuição de recursos semelhante à nacional. No tema estádios, os<br />

recursos variam entre 23 e 44% e em mobilidade urbana são gastos entre 29<br />

e 71%. Manaus, Porto Alegre, Salvador e São Paulo não apresentam projetos<br />

de mobilidade urbana significativos, ou estes nem existem. Nestas cidades,<br />

ainda são vultosos os gastos em estádios e a temática aeroporto passa a ser a<br />

segunda em relevância. Entretanto, observa-se uma grande variação nestes<br />

itens. No tema estádio, São Paulo gasta 10% e Porto Alegre 81%; em aeroportos<br />

Salvador e Porto Alegre empenham cerca de 11% dos recursos enquanto<br />

São Paulo 75%.<br />

A perspectiva dos megaeventos como instrumentos para a reestruturação<br />

e renovação das cidades está presente no discurso de governantes, da<br />

maioria dos partidos e da grande mídia. Isto acontece através da associação<br />

entre a sua realização e a promoção de melhorias econômicas e sociais, buscando<br />

legitimar as intervenções realizadas nas cidades-sede por meio dos<br />

tão propalados legados.<br />

Entretanto, a relação entre os processos de renovação e reestruturação<br />

urbana e os megaeventos muitas vezes desaparece discursivamente<br />

quando estes são associados com eventuais impactos negativos. Produzida<br />

e propagandeada pelo governo federal, a ideia da “Copa das Copas” é<br />

um exemplo da forma como a reestruturação e renovação das cidades-sede<br />

associadas a intervenções planejadas pode entrar ou desaparecer do argumento<br />

de acordo com a conveniência. Quando ausente, o argumento na<br />

defesa da preparação da Copa passa a estar centrado na organização e boa<br />

qualidade técnica dos jogos, desassociando o evento a qualquer incidente<br />

ou fato considerado negativo 9 . Esta narrativa busca desvincular a Copa das<br />

8 O Maracanã é um caso simbólico. Antes um espaço público e que permitia a participação<br />

da maioria da população, na preparação para a Copa do Mundo teve sua capacidade diminuída<br />

e foi privatizado, ensejando um processo de exclusão das camadas mais pobres, ou seja, um<br />

processo de elitização.<br />

9 Da mesma forma, a grande mídia parece se pautar pelo mesmo comportamento. Entre<br />

tantos outros fatos, o aparato de segurança implantado em parte do bairro Tijuca, nas proximidades<br />

do estádio Maracanã, muito próximo ao que poderia ser considerado como uma espécie<br />

de estado de sítio, no dia da final da Copa do Mundo, deveria ser suficiente para uma grande<br />

repercussão midiática. No entanto, o que se observou foi o absoluto silêncio dos principais<br />

meios de comunicação.<br />

60 Metropolização e Megaeventos

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