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BRASIL

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Ademais, podemos perceber que, com a Copa, a intervenção estatal<br />

na porção oeste da RMR, dada a construção da Arena Pernambuco, também<br />

poderá provocar o deslocamento de profissionais ou o aparecimento de novos<br />

“pontos de prostituição”, já que possíveis clientes deverão transitar pelos<br />

municípios de Camaragibe e São Lourenço da Mata, nas proximidades da<br />

Arena e das obras previstas no entorno.<br />

Na realidade, o comportamento desse segmento profissional para o<br />

atendimento de turistas atraídos pelo megaevento e os impactos sobre consumo<br />

dos serviços sexuais somente poderão ser constatados depois da realização<br />

da Copa do Mundo de 2014. Esse apontamento decorre do fato de<br />

a APPS não ter registro de ganhos significativos durante a Copa das Confederações,<br />

apesar das manchetes jornalísticas envolvendo jogadores de futebol<br />

espanhóis hospedados em hotel no bairro de Boa Viagem. Tal realidade<br />

aponta ainda para a inexistência de registros oficiais sobre a prostituição<br />

durante o período de construção da Arena e das vias de acesso à mesma,<br />

indicando a falta de interesse das autoridades para a identificação dos impactos<br />

das obras e da Copa em si.<br />

A falta de registros oficiais tem também dificultado os estudos, análises<br />

e ações de enfrentamento à exploração sexual contra crianças e adolescentes.<br />

Documentos e legislações declaram que é um crime, que compromete<br />

o desenvolvimento saudável desses sujeitos, viola direitos fundamentais –<br />

prioridade absoluta, direito à saúde, direito à liberdade, ao respeito – e a<br />

própria dignidade humana. Evitá-la é dever de todos, ou seja, da família,<br />

da sociedade e do Estado, fundamentando-se, sobretudo, na perspectiva de<br />

proteção integral à criança e ao adolescente.<br />

A comprovação da exploração sexual é, e será, difícil de ser feita através<br />

de pesquisas e dados estatísticos, durante e depois da Copa de 2014.<br />

Segundo a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente/GPCA, não existem<br />

registros oficiais de exploração sexual nas comunidades circundantes à<br />

construção da Arena, onde havia um grande número de trabalhadores alojados,<br />

apesar das denúncias feitas por lideranças locais. Além das dificuldades<br />

de se construir uma estatística, uma vez que, para a Gerência, a denúncia<br />

não implica a exploração, na investigação as adolescentes envolvidas não se<br />

veem como vítima de exploração, e sim, como capazes de aproveitar a oportunidade<br />

de ganhar “presentes” em troca do corpo, vendo os exploradores<br />

como namorados, os quais protegem, e não confirmam as denúncias. Sendo<br />

assim, para a Gerência, se não há vitima, não há crime. Logo, aponta-se para<br />

a grande fragilidade socioeconômica dessas adolescentes e para a permanência<br />

da exploração sexual.<br />

Ainda sobre o assunto, a pesquisadora Valéria Nepomuceno afirma<br />

que este tipo de violência cometida contra os jovens tem precedentes no<br />

território da Região Metropolitana do Recife. Em outras palavras, antes de<br />

404 Metropolização e Megaeventos

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