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BRASIL

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para tais eventos com restritas aberturas participativas exigiu da sociedade<br />

civil organizada a reafirmação de descontentamentos que já vinham ocorrendo<br />

desde meados dos anos 2000.<br />

Isto se deu com a busca por maior fortalecimento através da elaboração<br />

de amplas redes de articulação de tradicionais movimentos sociais a<br />

partir de 2011, representadas sobretudo pela Articulação Nacional dos Comitês<br />

Populares da Copa, que tem por objetivo central se opor à remoção<br />

de comunidades carentes, às restrições ao trabalho de ambulantes e à privatização<br />

de espaços públicos em função de projetos relacionados à Copa<br />

do Mundo e às Olimpíadas, bem como exigir maior transparência nas ações<br />

estatais. Outros setores, historicamente ligados à responsabilidade social<br />

corporativa, criaram o Projeto Jogos Limpos, uma rede destinada a combater<br />

a corrupção na preparação para os megaeventos esportivos e a promover<br />

práticas transparentes de gestão. Ao mesmo tempo, uma nova geração de<br />

movimentos sociais emergentes de caráter mais autonomista buscou reforçar<br />

pontualmente a atuação da ANCOP através da mídia alternativa, além<br />

de trazer novos elementos, como a transmissão de protestos via internet,<br />

viabilizada pelo momento único de expansão do acesso móvel a serviços de<br />

banda larga 10 , e a ocupação permanente de espaços públicos, que contribuíram<br />

para a expansão do repertório de ação coletiva 11 .<br />

Contudo, foi o consenso mais amplo em torno da inadequação dos<br />

gastos públicos com megaeventos esportivos frente às precariedades percebidas<br />

em outros setores que emergiu com mais força no contexto pré-Copa<br />

das Confederações, convergindo com a insatisfação causada pelas perdas na<br />

qualidade de vida urbana que já vinham se consolidando. Neste sentido, foi<br />

fundamental a disseminação de subjetividades críticas ao direcionamento<br />

da preparação para a Copa do Mundo e Olimpíadas por parte das articulações<br />

de novos e antigos setores da sociedade civil organizada.<br />

Algumas razões devem ser destacadas para a predominância da visão<br />

negativa sobre os gastos excessivos com megaeventos esportivos em detrimento<br />

de problemas mais específicos enfatizados por movimentos sociais<br />

e outros grupos organizados da sociedade civil. Em primeiro lugar, este era<br />

um dos poucos pontos compartilhados entre as variadas posições dentro do<br />

espectro político. Se a crítica às remoções e à privatização de espaços públicos<br />

estava restrita àqueles mais à esquerda e a denúncia contra a corrupção<br />

10 Os acessos de banda larga móvel sobem de 8,6 milhões em 2009 (5% do total de acessos via<br />

celular) para 103,11 milhões em 2013 (3 % do total de acessos via celular), significando mais de<br />

1.000% de aumento total. Mais informações em http://www.idec.org.br/pdf/arthur-coimbra-<br />

-mc.pdf<br />

11 Informações levantadas pelo autor através de entrevistas e documentos institucionais.<br />

Para maiores detalhes sobre a mobilização da sociedade civil organizada no contexto dos megaeventos<br />

esportivos, ver o capítulo A copa das manifestações e os processos de governança<br />

urbana no Brasil .<br />

212 Metropolização e Megaeventos

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