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BRASIL

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O que muda na produção e gestão<br />

da cidade: os novos arranjos público-privados<br />

Nesse sentido, de modo semelhante ao que ocorre nas grandes cidades<br />

brasileiras, para os projetos urbanos em curso em Salvador, pontuamos<br />

as premissas em comum: a) definições segmentadas, que incidem nas<br />

áreas mais valorizadas da cidade e áreas de expansão; b) planejamento<br />

empresarial e ausência de discussão sobre a definição de projetos de<br />

âmbito local e regional; c) empreendimentos direcionados para a recepção<br />

de visitantes e de público de consumo solvável, de rendas média<br />

e alta; d) grande aporte de recursos públicos; e) administração e operação<br />

de serviços, equipamentos e áreas públicas associadas à uma crescente<br />

gestão empresarial, por um longo período, sem aquisição desses<br />

bens, que permanecem de propriedade pública; e f) eficácia incerta,<br />

diante da complexidade urbana em que são inseridos. São aspectos que<br />

agravam os conteúdos sociais da cidade e contribuem para deseconomias<br />

urbanas indesejáveis na inserção turística dos lugares. É consenso<br />

que “a cidade, sendo boa para os habitantes, é mais receptiva aos<br />

visitantes”.<br />

Por ocasião dos festejos de inauguração da nova Arena Fonte Nova<br />

em Salvador, várias peças publicitárias foram veiculadas na mídia e espalhadas<br />

em outdoors pela cidade, seja por iniciativa do governo do Estado da<br />

Bahia, seja pelo consórcio OAS-ODEBRECHT. Anunciavam que, com a “Arena<br />

Fonte Nova – começa uma nova História”, em sintonia com o anúncio do<br />

consórcio executor: “Para todos nós começa uma nova história”. (ARENA...,<br />

2013; O <strong>BRASIL</strong> ..., 2013)<br />

De fato, pelas indicações analisadas, começa um novo ciclo de produção<br />

e gestão da cidade, direcionado para a definição de grandes projetos urbanos<br />

segmentados, fortemente balizados pelas concessões para produção<br />

e gestão de longo prazo às grandes corporações empresariais brasileiras, por<br />

vezes associadas às internacionais, em parcerias com os governos federal,<br />

estadual e local. Essa é a principal distinção em relação a períodos anteriores<br />

que caracterizam a modernização urbana das cidades brasileiras, com a<br />

forte participação de empresas construtoras surgidas então.<br />

Comparativamente, na virada do século XIX para XX, a presença das<br />

grandes empresas estrangeiras definia as formas de produção e gestão da<br />

infraestrutura urbana de redes de abastecimento de água, energia e dos<br />

transportes coletivos. Nesse período, as incorporadoras nacionais emergentes<br />

ainda não detinham capital suficiente para empreendimentos dessa<br />

envergadura. Nas primeiras décadas do século XX, esse papel vai sendo incorporado<br />

ao setor público, com o fortalecimento do Estado Previdência, no<br />

processo de desenvolvimentismo econômico que se instala no país, quando<br />

são criadas as empresas públicas, que imprimem uma forte intervenção ur-<br />

456 Metropolização e Megaeventos

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