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BRASIL

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que já está em andamento graças à própria candidatura aos Jogos<br />

de 2016 (COMITÊ OLÍMPICO <strong>BRASIL</strong>EIRO, 2009).<br />

Como afirmou-se anteriormente, promessas no campo da mobilidade<br />

urbana constituem um importante instrumento de legitimação social<br />

dos megaeventos à medida que essas ações são colocadas também como<br />

uma resposta do que se poderia denominar de “crise da mobilidade urbana”.<br />

Tal expressão tem sido frequentemente utilizada para se referir ao conjunto<br />

dos graves problemas de transporte urbano existentes hoje no país e que,<br />

por sua vez, impactam diretamente no bem-estar individual e coletivo. Tais<br />

problemas, com efeito, representariam barreiras à superação das desigualdades<br />

sociais e poderiam inviabilizar economicamente as cidades (SCARIN-<br />

GELLA, 2001; ROLNIK e KLINTOWITZ, 2010; RODRIGUES 2013.<br />

Acrescenta-se que investimentos em mobilidade são também indutores<br />

fundamentais da reestruturação das cidades, incidindo, principalmente,<br />

sobre a dinâmica urbana na perspectiva da (re)valorização de certas áreas<br />

(criação, reforço e revitalização de centralidades) e na capacidade de acesso<br />

da população aos equipamentos de mobilidade e acessibilidade. Ao mesmo<br />

tempo, a simples provisão de infraestrutura não garante o bem-estar da população<br />

e o respeito aos direitos humanos, visto que a história das políticas<br />

de transporte urbano no Brasil é marcada muito mais pela produção de um<br />

modelo de mobilidade urbana excludente (VASCONCELLOS, 2013).<br />

Nesse contexto, é preciso lembrar que a rede de transporte e as opções<br />

de modais disponíveis (o grau de prioridade dado a cada modal, como ao<br />

automóvel, por exemplo) influenciam no padrão de mobilidade urbana que<br />

se tem em cada cidade. Do mesmo modo, é necessário levar em consideração<br />

como o sistema de transporte pode, ou não, promover justiça social. Por<br />

isso, a necessidade de se analisar a distribuição territorial e o tipo de infraestrutura<br />

e serviço que estão sendo implantados pela ação do Estado no caso<br />

dos investimentos em mobilidade urbana para os megaeventos esportivos.<br />

Ressalta-se, no caso das cidades-sede da Copa do Mundo 2014, que<br />

se tratam também de cidades com perfis bastante distintos. Suas diferenças<br />

quanto ao tamanho da população e as características básicas da mobilidade<br />

podem ser visualizadas na Tabela 1. O objetivo desse capítulo, obviamente,<br />

não é a análise das condições de deslocamento em cada uma delas. No<br />

entanto, é importante deixar registrado que nas grandes cidades brasileiras<br />

tem ocorrido tanto um aumento no número de pessoas que levam mais<br />

tempo no trajeto entre seus locais de residência (mais de uma hora), como<br />

do tempo médio de deslocamento, como revelam alguns trabalhos recentes<br />

a partir de dados do Censo demográfico de 2010 e da Pesquisa Nacional por<br />

Amostra de Domicílios (PNAD) (SWHANEN e PEREIRA, 2013).<br />

108 Metropolização e Megaeventos

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