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BRASIL

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vés de contatos informais iniciados pelos novos arranjos institucionais de<br />

acordo com suas próprias necessidades conjunturais.<br />

Por outro lado, a adoção de ações estratégicas e fragmentadas em detrimento<br />

de planos, consubstanciadas na oferta de vários benefícios a grandes<br />

corporações sugerem a subordinação de governos a interesses privados.<br />

Isto, adicionado à ampla utilização de instrumentos como a sistemática<br />

terceirização de serviços públicos nos clusters olímpicos através de PPPs,<br />

indica a continuidade de processos que conferem ao Estado o papel de facilitador<br />

de negócios em detrimento de sua função reguladora, introduzidos<br />

pelas reformas neoliberais em curso desde o início dos anos 1990.<br />

Assim, a crescente tensão dialética entre as principais tendências da<br />

institucionalidade brasileira chega ao seu auge na transição da primeira<br />

para a segunda década do século XXI. Diversas contradições emergem no<br />

contexto de preparação para megaeventos esportivos e se resolvem em favor<br />

do fortalecimento do empreendedorismo urbano, que se aprimora ao incorporar<br />

processos discricionários de participação apaziguadora e seletiva,<br />

portanto esvaziada de suas potencialidades. O custo de sua consolidação<br />

é a ruptura de alianças antes em formação entre setores da sociedade civil<br />

organizada e o Estado, o que não poderia ocorrer sem repercussões.<br />

Tendências organizacionais na sociedade civil<br />

As transformações engendradas nas estruturas formais de governança urbana<br />

ao longo dos últimos 25 anos mantiveram intensas relações com<br />

mudanças no plano da sociedade civil organizada. Não é possível pensar<br />

a ascensão e degradação das experiências participativas institucionais sem<br />

levar em conta as pressões oriundas de organizações populares. Nesse sentido,<br />

esta seção irá explorar o desenvolvimento do associativismo brasileiro e<br />

de suas vertentes, bem como suas influências sobre a formação do contexto<br />

que originou as jornadas de junho de 2013.<br />

Para tanto, cabe antes explicitar o entendimento aqui adotado de sociedade<br />

civil organizada como o conjunto de grupos não pertencentes ao<br />

Estado nem ao mercado que engendram ações coletivas preferencialmente<br />

movidas por interesses que se sobrepõem a fins lucrativos e regulatórios.<br />

Tais ações buscam influenciar o rumo dado tanto a decisões políticas institucionais<br />

quanto à percepção da própria sociedade acerca de questões valorativas<br />

e identitárias (SCHRER-WARREN, 2006).<br />

Sem dúvida, este universo de organizações é bastante heterogêneo e<br />

denso. Entretanto, visando dar conta dos objetivos deste texto, optou-se por<br />

focar nos movimentos com tendências contra-hegemônicas e não hegemônicas,<br />

pois esses são geralmente os setores mais voltados a transformações<br />

144 Metropolização e Megaeventos

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