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BRASIL

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Isto levou a uma significativa deterioração das condições de transporte<br />

nas cidades brasileiras, sobretudo nas grande metrópoles. Reflexos foram<br />

sentidos, por exemplo, no aumento do tempo médio de deslocamento entre<br />

casa e trabalho nas áreas metropolitanas, que passou de 36 minutos em<br />

2004 para 40,8 em 2012, com especial contribuição de Salvador, Rio de Janeiro,<br />

São Paulo, Recife e Belém, já que todas apresentaram um aumento superior<br />

a cinco5 minutos (PEREIRA e SCHWANEN, 2013; IPEA, 2013). Chama<br />

a atenção, particularmente, o impacto nas principais capitais do Sudeste,<br />

por conta dos seus elevados contingentes populacionais. No ano de 2004,<br />

em torno de 18% dos trabalhadores da metrópole do Rio de Janeiro levavam<br />

mais de uma hora neste percurso, enquanto em São Paulo essa proporção<br />

era de 20 % (PEREIRA e SCHWANEN, 2013). Em 2012, ambas medições se<br />

elevaram, respectivamente, para 24,7% e 23,5% (IPEA, 2013).<br />

O aumento da renda e da oferta de crédito não são os únicos fatores<br />

responsáveis por tais transformações. Este movimento está de acordo com<br />

políticas públicas que já vinham estimulando a utilização de transporte individual<br />

em detrimento do transporte coletivo urbano, como a isenção de<br />

impostos sobre a produção de automóveis e motos 3 conjugada com elevações<br />

acima da inflação para tarifas de transporte público. Assim, entre 2003<br />

e 2009, a gasolina registrou um aumento nacional de 27,5 %, enquanto o<br />

crescimento do preço de automóveis novos não ultrapassou 20 %. Porém, no<br />

mesmo período, a tarifa de ônibus acumulou um aumento de 63,2 % (CAR-<br />

VALHO e PEREIRA, 2012). Desta maneira, houve uma considerável migração<br />

de usuários de transporte coletivo para o transporte individual, acarretando<br />

a perda de qualidade de vida coletiva.<br />

Outro fator diretamente relacionado às mudanças na economia brasileira<br />

é o crescimento do setor imobiliário nas grandes cidades. Conforme<br />

demonstra a tabela abaixo, houve uma abrupta valorização do preço de venda<br />

de imóveis ao longo dos 3 anos que antecederam os protestos da Copa<br />

das Confederações em 2013, sobretudo nas metrópoles do Rio de Janeiro,<br />

São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Fortaleza. Consequentemente, o mercado<br />

de aluguéis também foi afetado. Entre janeiro de 2008 e junho de 2013 o<br />

preço médio para locação subiu 88% em São Paulo e 131% no Rio de Janeiro.<br />

3 Ver http://exame.abril.com.br/economia/noticias/mantega-mantem-reducao-de-ipi-para-<br />

-automoveis-ate-dezembro<br />

Não Foi Só Por 20 Centavos: a “copa das manifestações” e as transformações socioeconômicas 207

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