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BRASIL

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É expressivo o volume de financiamento público de projetos incluídos<br />

na Copa do Mundo, alcançando aproximadamente R$ 10,5 bilhões. A<br />

questão do financiamento poderia conduzir ao argumento que os recursos<br />

adiantados na forma de empréstimos iriam retornar aos cofres públicos. No<br />

entanto, este argumento não leva em consideração um fator relevante. A<br />

maior parte dos financiamentos públicos foi destinada a outras esferas do<br />

poder público, inclusive a Lei nº 12348/2010 alterou o limite de endividamento<br />

das cidades-sede da Copa para facilitar estas operações de empréstimo<br />

entre os entes federados. Assim, do total do financiamento contratado,<br />

R$ 6.918.184.574,00, representando 65% foram concedidos para governos<br />

estaduais e municipais. Em outras palavras, são recursos que serão pagos<br />

com outras fontes de receitas públicas. Se os impostos do conjunto dos cidadãos<br />

brasileiros não ajudam a pagar indiretamente a Copa, os da população<br />

dos 12 estados e municípios que vão receber a competição o fazem. Além<br />

disso, é preciso levar em consideração que os juros dos financiamentos públicos<br />

para a Copa foram subsidiados, ou seja, que foram adotadas taxas de<br />

juros abaixo do praticado pelo mercado.<br />

A terceira e última forma que o Estado encontrou para viabilizar financeiramente<br />

a Copa do Mundo se deu através de isenções de impostos<br />

e renúncias fiscais. Legislações específicas foram feitas em todos os níveis<br />

do executivo, mas, por uma questão de síntese, analisa-se aqui apenas a lei<br />

federal. A Recopa (Lei nº 12.350/2010) instituiu uma série de isenções de<br />

impostos que beneficiaram a FIFA, suas subsidiárias – Confederações, Federações<br />

e dirigentes –, parceiros comerciais e a empresa responsável pela<br />

transmissão do evento 19 .<br />

Comparada à aplicação direta de recursos e ao financiamento público<br />

concedido, poderia se imaginar que a isenção de impostos não seja<br />

significativa. Mesmo sem informações precisas, uma estimativa da Receita<br />

Federal aponta que a Recopa foi responsável por isentar a FIFA em mais de<br />

R$ 558,83 milhões 20 . Esta Lei também criou um programa de incentivos fiscais<br />

à construção e reforma dos estádios que seriam utilizados na Copa do<br />

Mundo 21 que, segundo estimativa da Receita, significou uma desoneração<br />

de aproximadamente R$ 330 milhões 22 . Portanto, somente com a Lei Reco-<br />

19 Os seguintes impostos foram suspensos através da Lei Recopa; Imposto sobre Importação;<br />

Imposto sobre Produto Industrializado; PIS/PASEP; PIS/PASEP-Importação; COFINS, COFINS-<br />

-Importação; Imposto de Renda Retido na Fonte; Imposto sobre Operação Financeira; e Contribuição<br />

Social sobre o Lucro Líquido.<br />

20 Fonte: http://www.noticiasfiscais.com.br/2012/09/16/fifa-ganha-isencao-de-mais-de-<br />

-meio-bilhao-de-reais-para-realizar-a-copa/, acessado em setembro de 2012<br />

21 Cabe registrar que todas as empresas responsáveis pelas obras de todos os estádios utilizados<br />

na Copa do Mundo 2014 aderiram ao programa.<br />

22 Provavelmente a realidade supera em muito esta estimativa, que foi feita em 2010, quando<br />

os atrasos e a inclusão de aditivos ainda não haviam sido incluídos nos cálculos da Receita<br />

Federal.<br />

70 Metropolização e Megaeventos

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