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BRASIL

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Obviamente, ainda é necessário avançar na investigação sobre os impactos<br />

dos projetos de mobilidade sobre a reestruturação das cidades, afinal<br />

está se falando de processos que ainda estão em curso. No entanto, pelas<br />

características observadas é possível apontar que essas intervenções indicam<br />

a confirmação de três hipóteses sobre essas intervenções e sua capacidade<br />

de reestruturar o espaço urbano. A primeira é a possibilidade real<br />

da reprodução do modelo rodoviarista, que orientou historicamente as políticas<br />

de mobilidade urbana no Brasil desde a década de 1950. Ou seja, os<br />

tipos de intervenções que estão sendo realizadas favorecem a reprodução<br />

e a afirmação desse modelo, atendendo, inclusive, a um importante setor<br />

da economia. A segunda hipótese, e que está mais diretamente relacionada<br />

à reestruturação, é que as ações no campo da mobilidade também favoreceriam<br />

a produção, o reforço e a renovação e resgate de centralidades,<br />

atendendo, neste caso, aos interesses do mercado imobiliário e não às reais<br />

necessidades de circulação da população. Por último, considera-se que as<br />

estratégias territoriais adotadas para a implantação dos projetos de mobilidade<br />

urbana não serão capazes de romper nem minimizar os efeitos da<br />

estrutura urbana fortemente segmentada da maioria das cidades-sede, ou<br />

seja, as intervenções não alterariam a organização do sistema de mobilidade<br />

ao ponto de gerar benefícios líquidos à população, minando assim qualquer<br />

possibilidade de “legado social” mais amplo.<br />

Por fim, se pode sugerir que as camadas mais pobres da população<br />

não têm se beneficiado das ações do Estado no contexto dos megaeventos<br />

esportivos. Ou seja, em primeiro lugar, embora haja uma retomada nos investimentos<br />

em mobilidade urbana, as práticas são baseadas em políticas<br />

concentradoras e antidistributivas, que mais uma vez podem contribuir<br />

para acentuar as características de desigualdade socioespacial de nossas regiões<br />

metropolitanas. Em segundo, a política para mobilidade caminha para<br />

a manutenção do modelo rodoviarista que parece indicar a força inexorável<br />

do setor automobilístico e do setor das grandes obras públicas.<br />

Referências bibliográficas<br />

BRANSKY, R.M, NUNES, E.E.F., LOUREIRO, S.A, LIMA JUNIOR, O (2013). Infraestruturas<br />

nas Copas do Mundo da Alemanha, África do Sul e Brasil. Cadernos Metrópole,<br />

São Paulo, v.15, n.30.<br />

COMITÊ Olímpico Brasileiro (2009). Dossiê de Candidatura do Rio de Janeiro à sede<br />

dos Jogo Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Rio de Janeiro, 2009.<br />

GFB (Governo Federal do Brasil) (2013a) Portal da Transparência da Copa 2014.<br />

http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/home.seam, (Consultado no<br />

02/12/2014)<br />

Mobilidade Urbana nos Megaeventos Esportivos 125

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